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Ambientalistas apontam riscos a lagoas com obras de empreendimento imobiliário em APA do Abaeté

Tem coisas que parecem só acontecem em Salvador e confirmam a máxima de Octávio Mangabeira, aquela que diz 'pense num absurdo, na Bahia haverá precedente". [Leia mais...]
Foto: Tácio Moreira/Metropress
A demolição do antigo Mercado do Peixe para a construção da Praça Caramuru, que tem restaurantes e bares, parece ter agradado boa parte dos soteropolitanos, o que pode ser percebido no aumento da frequência na região do Largo da Mariquita, tanto de dia quanto de noite. Na Caramuru, porém, a presença de cachorros de rua têm afugentado clientes dos quiosques — pelo medo do animal, de doenças ou pelo próprio incômodo de ser acompanhado por um bicho desconhecido. A situação foi abordada pela jornalista Malu Fontes, em comentário na Rádio Metrópole. Leia a transcrição:
Tem coisas que parecem só acontecem em Salvador e confirmam a máxima de Octávio Mangabeira, aquela que diz "pense num absurdo, na Bahia haverá precedente". Pois bem, embora a população não saiba e nem mesmo os moradores do bairro no Rio Vermelho hoje se trava uma guerra surda, mas fortíssima, por conta de duas matilhas de grupos numerosos de cachorros. Um grupo formado por 16 cachorros de rua, que sempre viveram os circularam no antigo Mercado do Peixe, atual Praça Caramuru, e um grupo de cachorros dos pescadores do local.
A guerra entretanto não é apenas entre as duas matilhas, que quando se encontram, dizem, é coisa para os fortes, tamanha a fúria com que os bichos se enfrentam, seja por marcação de território, pela disputa de alguma cadela no cio ou por um pedaço de carne em que exale cheiro em uma das mesas nos novos boxes abertos após a requalificação.
A guerra ultrapassa os cachorros e envolve os empresários permissionários dos blocos, o poder público, uma ONG de animais de uma vereadora de Salvador, os clientes dos restaurantes e os funcionários, que se queixam de já terem sido atacados e mordidos várias vezes. O embate é o seguinte: os 16 cães que já viviam no mercado do peixe e eram cuidados e alimentados pelos donos dos antigos boxes ganharam, graças à ação da ONG da vereadora, o direito de permanecer no local após a requalificação. Como as mesas dos novos boxes, assim como as antigas, são em local aberto, os empresários reivindicam o direito de seus clientes não serem incomodados pelos animais. Vários afirmam que os cachorros se aproximam das mesas, avançam sobre a comida e, se seus clientes se descuidarem, têm até mesmo suas mãos lambidas pelos bichos atraídos pelo odor dos alimentos.
Os permissionários argumentam que pagaram entre R$ 50.000 ou R$100.000 de luvas para explorar aos boxes, a depender da metragem, claro, e que pagam em média R$ 5 a R$ 10 mil de aluguel. Com tanto investimento, não podem se dar ao luxo de terem clientes sendo diariamente afastados pela presença de cachorros, sobretudo em tempos de crise quando o cliente é uma coisa é cada vez mais rara. O que os empresários propõem e se queixam da ONG protetora dos bichos não aceitar, sob hipótese alguma, do seguinte: querem assumir o custo e toda a manutenção de um canil com todos equipamentos e toda assistência necessários num lugar apropriado e em qualquer área da cidade escolhida pelos defensores dos bichos para onde os 16 cachorros possam ser levados.
Os permissionários garantem que suas propostas não são aceitas por pura provocação, só e somente só por isso. Palavra deles. Um deles garante que, até na hora de alimentar os bichos, as pessoas da ONG fazem questão de jogar a ração nos espaços onde ficam as mesas. O fato é que, os ânimos por conta disso estão exaltadíssimos entre empresários, clientes e ONG.
Como a gente perde o amigo mas não perde a piada, há quem seja ácido o suficiente pra considerar que logo, logo um dos boxes vai passar oferecer no cardápio um prato chinês a base de carne canina em resposta ao que consideram pirraça e intransigência. Vamos ver quando termina essa contenda. Por enquanto, não há nenhuma dúvida que os cachorros estão vencendo.
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