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Trópicos Utópicos: livro de Giannetti resume a moderna identidade brasileira

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Trópicos Utópicos: livro de Giannetti resume a moderna identidade brasileira

"O modelo americano está se tornando hegemônico e vai se tornar muito mal se continuar como está .O Brasil tem tudo pra se tornar um modelo alternativo", afirmou o economista. [Leia mais...]

Trópicos Utópicos: livro de Giannetti resume a moderna identidade brasileira

Foto: Reprodução / Estadão

Por: Milene Rios no dia 29 de junho de 2016 às 09:15

O professor e economista mineiro Eduardo Giannetti, conhecido por tratar de temas éticos e econômicos, lançou na última segunda-feira (27),  na Livraria Cultura, de São Paulo, Trópicos Utópicos -  Uma perspectiva brasileira da crise civilizatória. Nesta quarta-feira (29) ele foi entrevistado na Rádio Metrópole e falou sobre o exemplar cujo assunto central é o da identidade nacional, ao qual o leitor é conduzido depois de passar por reflexões sobre a ciência, a tecnologia e o crescimento econômico. 

"O livro praticamente resume tudo que penso sobre nosso país. A proposta é retomar o tema da identidade brasileira, a partir de uma nova perspectiva. Os grandes intérpretes do Brasil fazem um trabalho esplêndido. Alguns são realmente muito inspiradores. Mas de um modo geral eles buscam a nossa identidade de uma forma retrospectiva, olhando para o nosso passado, nossas raízes, nossa formação, pros males e berços de origem. Eu vou fazer esse movimento, só que com um olhar prospectivo: será que existe um sonho brasileiro que nos une? Será que nos conseguimos pensar numa identidade brasileira que não é histórica, passado? Mas uma identidade brasileira que é uma aspiração. De um sonho compartilhado. De uma utopia brasileira? Esse e o movimento do livro”, definiu o autor. 

Questionado por Mário Kertész se a identidade brasileira não tem sido influenciada nos últimos anos pelo modelo americanizado, o professor concorda e ainda complementa que não é só no Brasil que existe a “contaminação de identidade importada”. 

“É no mundo inteiro. Inclusive eu discuto no livro como os europeus estão preocupados com essa força avassaladora do modo de vida americano e dos valores americanos. Até mesmo pra avaliar o grau de menor ou maior sucesso de uma nação na sua vida. Então a gente tem que repensar isso: será que é bom par o mundo e será que isso é um caminho que merece investimento e  merece a nossa consideração? Ou será que devemos buscar um a originalidade, um caminho próprio, e identificar os nossos valores?”, questionou o autor com o que traz no livro.

Para o economista, o problema desse modelo americano e que está se instalando na identidade brasileira, além do ponto de vista ético, ele é duvidoso e não é “passível de generalização em escala planetária por um limite imposto pela natureza”. “Não há recursos naturais, não tem condições da biosfera suportar o padrão americano de consumo. Por exemplo: somos 7 bilhões habitantes, o bilhão do topo da pirâmide de consumo, que são os mais ricos, é responsável por 50% das emissões do CO², em escala planetária. Os três bilhões seguintes, ou seja a classe média global, são responsáveis por 45% das emissões e os três bilhões que estão na base da pirâmide, metade dos quais tem acesso à eletricidade, são responsáveis por 5% das emissões e são esses últimos que vão pagar basicamente a conta, o sacrifício e a dor do processo de mudança climática que está sendo imposto a eles, por aqueles que estão no topo da pirâmide de consumo. E essa conta não fecha de jeito nenhum”, disse o professor.

“São os incêndios, as inundações, a falta d'água. O mundo está num caminho muito ruim. O modelo americano está se tornando hegemônico e vai se tornar muito mal se continuar como está. O Brasil tem tudo pra se tornar um modelo alternativo", pontou o economista.