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Affonso Romano: "Você pode dizer que não pode ser entubado e quer morrer em paz"

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Affonso Romano: "Você pode dizer que não pode ser entubado e quer morrer em paz"

Puxando assunto sobre o desejo de muitas pessoas, de prolongar a vida mesmo diante de problemas graves de saúde, Mário Kertész lembrou de um grande médico paulista que lhe contou um caso de um paciente que chegou com um câncer bastante avançado. O escritor e comentarista da Rádio Metrópole, Affonso Romano de Sant’Anna, lembrou da possibilidade de assinar um documento para evitar alguns procedimentos. [Leia mais...]

Affonso Romano: "Você pode dizer que não pode ser entubado e quer morrer em paz"

Foto: Tácio Moreira / Metropress

Por: Stephanie Suerdieck no dia 28 de julho de 2015 às 18:29

Puxando assunto sobre o desejo de muitas pessoas, de prolongar a vida mesmo diante de problemas graves de saúde, Mário Kertész lembrou de um grande médico paulista que lhe contou um caso de um paciente que chegou com um câncer bastante avançado e ele precisou dizer: 'Não tem jeito, você vai morrer. Você pode prolongar isso, mas vai gastar todo o dinheiro da sua família'. Para Mário, hoje é praticamente impossível conversar sobre este assunto. “As pessoas começam a se tremer”, disse.


O escritor e comentarista da Rádio Metrópole, Affonso Romano de Sant’Anna, lembrou da possibilidade de assinar um documento para evitar alguns procedimentos. “Você pode dizer que não pode ser entubado e quer morrer em paz. Os hospitais têm uma maquinaria por trás disso”, afirmou. O cardiologista Neif Musse esclareceu que trata-se do documento vital, que só pode ser assinado quando o paciente estiver lúcido para dar as informações sobre como quer viver seus últimos dias. “Se você não estiver em condições degradantes, você pode fazer isso. Ainda não tem força de lei, mas já é aceito pelo Conselho Federal de Medicina. Esse termo chama-se distanasia, que significa dificultar a sua morte”.


O médico aproveitou para dar exemplo de uma velhinha de 100 anos que chega ao pronto socorro e é encaminhada para o CTI, onde é entubada. “Isso vai se prolongando. O familiar vai todos os dias no horário programado. O hospital não gostaria que ela morresse. O paciente não quer morrer. Os familiares vivem em sofrimento. É preciso que todos vocês saibam que diferem da eutanásia e todas as outras. Tudo que envolve a morte já assusta as pessoas. Distanasia significa dificultar uma morte que já estava programada para acontecer. Ao invés de morrer em dois dias, morre em cinco”. Neif Musse explicou, ainda, que a eutanásia significa realizar uma atividade para fazer com que a pessoa possa morrer. “Isso é crime. Já a ortotanásia, significa uma morte digna”, enfatizou.

Para o cardiologista, esta velhinha de 100 anos, no final de vida, deveria ser deixada em casa, perto dos seus familiares. “Aguardando o momento, com sua comida preferida, em seu travesseiro, em vez de ficar em um lugar frio e insensível sem ninguém para segurar a mão dela no momento da passagem. Muitos anos estando nesse momento com os pacientes que morreram, vi muito sofrimento. Eles não queriam ficar sozinhos neste momento. E é exatamente como as mortes de vocês. Se a sociedade não mudar isso, vai acontecer. Sozinho, numa UTI, sem ninguém para segurara sua mão”, finalizou Neif Musse.