Abandonados, casarões de Salvador podem perder título da Unesco

Ícones históricos, os antigos casarões, localizados no bairro do Comércio, na capital baiana, estão ameaçados. Um levantamento realizado pela Defesa Civil de Salvador (Codesal), em 2009, apontou que 244 imóveis estavam, naquela época, em graus de risco alto, médio e baixo. De lá para cá, a situação se agravou ainda mais. No mês de maio deste ano, a prefeitura conseguiu uma autorização para que 31 casarões fossem demolidos, devido ao grande risco de desabamento, diante das fortes chuvas.

Após as demolições, o Instituto dos Arquitetos do Brasil na Bahia (IAB-BA) e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU-BA) efetuaram uma denúncia com 36 páginas que retratam a degradação dos casarões e a ausência de políticas eficazes por parte do poder público. O relatório foi encaminhado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A ação de demolição foi considerada por entidades de classe como "precipitadas" e foi solicitado a inclusão de Salvador à lista de “Patrimônio Mundial em Perigo”.

O arquiteto Guivaldo D'Alexandria, presidente do CAU-BA, disse que esta reclassificação pode acontecer por conta da falta do cumprimento de um acordo internacional. “Será como o que ocorreu com o rebaixamento do país, no universo financeiro, feito por uma agência de análise de risco”, afirmou ao Bocão News. D’Alexandria ressaltou ainda que os centros Histórico e Antigo de Salvador estão abandonados e que a população precisa fazer parte do processo de valorização do patrimônio. Já a presidente do IAB-BA, Solange Araújo afirmou que os órgãos públicos responsáveis pela preservação do patrimônio atuam de forma isolada. A Unesco, ressalta Solange, constituiu comissões para avaliar o real estado de conservação do Centro Histórico de Salvador. “A instituição declarou oficialmente que o Comitê do Patrimônio Mundial deverá vir em missão à capital baiana”, completou.