PHA lembra instruções políticas de Roberto Marinho e perseguição a Brizola

O jornalista Paulo Henrique Amorim, que lança nesta terça-feira (8) o livro "O quarto poder", no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Salvador Shopping, concedeu entrevista a Mário Kertész e contou deliciosas histórias da política e da comunicação no Brasil. Uma delas foi sobre a perseguição da Rede Globo a Leonel Brizola, oficializada a Armando Nogueira, diretor de jornalismo da empresa, diretamente pelo dono Roberto Marinho.

"Ele deu três instruções a Armando. A primeira: 'não quero negro nem desdentado no Jornal Nacional'. A segunda: 'O importante não é o que publico, mas o que não publico'. E a terceira foi: "Se Brizola se jogar na linha do trem pra salvar uma criança, a criança sobreviver e Brizola morrer, mesmo assim você precisa me consultar para saber se pode falar no nome dele aqui", contou à Metrópole. 

Em 1987, nem com a derrota de Darcy Ribeiro -- então vice de Brizola -- para o cargo de governador do Rio de Janeiro, a Globo abriu espaço para Leonel. E olha que Armando Nogueira interveio com Marinho. "O Armando diz: Dr. Roberto, seja generoso na vitória. Os vitoriosos têm de ser generosos. Dê o direito de brizola falar. E aí o Dr. Roberto disse: 'Sim, mas somente no jornal local.' Aí o Armando consulta o Brizola: 'Topa?' E Brizola colocou duas imposições. Primeiro: a entrevista não podia ser editada. Segundo: 'Tem de ser o Amorim'. E lá fui eu para a Brizolândia, a Cinelândia, fazer a entrevista", lembrou. Na ocasião, segundo PHA, o próprio Brizola segurou, a cotoveladas, a população que tentava vandalizar a equipe da Rede Globo.