"Um dos maiores problemas da nação brasileira é o processo de pardalização", diz professor

A expressão "pardo", termo usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para configurar um dos cinco grupos de "cor ou raça", foi um dos temas abordados na entrevista com o professor e geógrafo especialista em quilombos Rafael Sanzio, no programa Mojubá da última quinta-feira (19). Para ele, “pardo” – enquanto classificação racial –, produz traz tanto como reflexo e quanto como raiz o apagamento de heranças culturais.

“O pardo é uma invenção, antes disso tinha o mestiço, o mulato, isso não se sustentou, então inventou na estrutura metodológica essa expressão. O IBGE trabalhava com essa metodologia de amarelo, etc. Essa coisa que não bate com a identidade, mas bate com um um padrão de enquadrar as pessoas dentro de uma perspectiva, dentro de uma caixa. Só que o pardo é a maior parte da população brasileira que busca esconder a matriz indígena e a matriz africana que tá dentro desses seres humanos”, disse o professor. 

Ainda em entrevista, Rafael falou ser mais interessante para as pessoas que se identificam como pardas buscar saber a história dos familiares, numa tentativa de entender sua identidade.  

“É só olhar para trás a resposta clara, qual é a minha grande referência identitária nessa existência, essa resposta é olhar para trás. Começar com as pessoas mais antigas da família, conversar com tia, com avó, aí fica um pouco mais tranquilo, isso é saúde mais do que metal é saúde existencial”, concluiu.

O professor apontou ainda que essa busca por uma referência identidária causa está relacionada a problemas de saúde mental e existêncial na população brasileira. "Eu diria que talvez um dos maiores problemas da nação brasileira é o processo de pardalização que ela ainda vive", concluiu.

Confira a entrevista na íntegra: