Bahia
Vice-reitor da Ufba chama de "agressão à ciência" falha no sistema que tirou Plataforma Lattes do ar
O pró-reitor de pesquisa da Ufba, Sérgio Ferreira, chamou de "caos" a perda dos currículos registrados na plataforma
Foto: Reprodução
Pesquisadores ouvidos pelo Metro1 reagiram, nesta quinta-feira (29), à falha que tirou do ar a Plataforma Lattes, que reúne currículos de cientistas no Brasil. O problema foi identificado há cinco dias, e de acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, os procedimentos para o reparo já foram iniciados.
Para o vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Paulo Miguez, a falha é "um absurdo" e "mais uma expressão do apagão da Ciência no Brasil". "Uma agressão à ciência e aos cientistas, uma expressão do negacionismo, da falta de cuidado com a pesquisa, não só com os orçamentos como também com os sistemas. Justamente em um momento como esse de pandemia, em que a ciência é fundamental", afirmou.
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufba e membro da Academia Brasileira de Ciências, Sérgio Ferreira, pontuou que os currículos disponibilizados na Plataforma Lattes funcionam como um banco de dados dos pesquisadores do país. Para ele, a perda dessas informações seria "um caos". "O Lattes reúne a vida pregressa de muitos pesquisadores, alguns vivos, outros que já se foram. No momento que precisarmos buscar essa informação, quem vai escrever esse currículo? Um currículo Lattes hoje é usado nacional e internacionalmente para apresentação de um pesquisador, de um estudante", observou.
Ferreira ainda lembrou que o problema na plataforma ocorre em um momento crucial para os pesquisadores do país, perto do fim do prazo estipulado para candidaturas a bolsas de produtividade, pesquisa e Iniciação Científica. "É um momento crucial para a submissão das propostas. No caso de um pesquisador de nível I, existe uma preocupação de verificar se todas as teses que ele orientou estão no Lattes, e o sistema está fora do ar. A bolsa tem um valor monetário simbólico, mas um grande valor em termos de reconhecimento", disse.
Em nota divulgada na terça-feira (27), o CNPq assegurou que não haverá perda de dados. Além disso, segundo o órgão, o pagamento das bolsas de pesquisa implementadas não será afetado e todos os prazos estão suspensos ou serão prorrogados.
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