
Brasil
Ex-ministra revela preocupação com futuro da educação no país após pandemia
Claudia Costin diz que indicadores de desigualdade educacional podem apresentar taxas elevadas após retomada das aulas

Foto: Metropress
Ex-ministra de Administração e Reforma no governo Fernando Henrique Cardoso e ex-secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, a professora Claudia Costin revelou preocupação com os rumos educacionais do país após a pandemia de coronavírus. Ela conversou com Mário Kertész hoje (20), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole.
Segundo a educadora, é necessário rediscutir estratégias para garantir a igualdade aos estudantes de todos o país. "Uma coisa que me chamou muita atenção, o último PISA [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes] mostrou que o Brasil não só não vai bem na educação, mas que somos, entre os 79 países que participaram, o segundo mais desigual. Isso no pré-pandemia. Imagine o seguinte: os alunos voltam para as suas casas e ficam quatro meses longe da escola. Alguns têm família com mais repertório cultural, internet e livros em casa. Os pais discutem à mesa os fatos correntes e com outros os pais têm que, no meio da pandemia, ir atrás de fonte de renda no meio da pandemia e comida. Sem livros ou internet. A desigualdade educacional tende a crescer muito", afirmou.
Ainda de acordo com Costin, diante da economia cada vez mais globalizada, os efeitos serão drásticos ao longo dos anos. "É bom lembrar que em tempos da chamada revolução 4.0, com o advento da inteligência artificial e uma automação acelerada que vai substituir trabalho humano, inclusive trabalho que demanda trabalho com competências intelectuais, ter uma força de trabalho não preparada para esses desafios que envolve desenvolver em crianças e jovens competências de nível muito mais sofisticado, como capacidade de análise e de pensamento sistêmico de outras coisas, imagine o que vai ser do desenvolvimento do país?", questionou a ex-ministra.
"Não vou nem discutir o direito de aprender de cada criança e jovem, mas além disso, vamos prejudicar o desenvolvimento do país e a inserção dele numa economia globalizada em que, sem capital intelectual, não temos como avançar", acrescentou.
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