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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Cidade

Município descumpre promessa ao não substituir banheiros químicos e mantém gasto milionário

Substituição de banheiros químicos não andou e Município paga milhões por serviço criticado

Município descumpre promessa ao não substituir banheiros químicos e mantém gasto milionário

Foto: Tácio Moreira/Metropress

Por: Bárbara Silveira no dia 21 de junho de 2018 às 08:06

Se toda promessa que o soteropolitano ouve fosse cumprida, os banheiros químicos já deveriam fazer parte do passado dos cartões-postais de Salvador. Mas a realidade mostra que não é bem assim que as coisas funcionam por aqui. A troca dos equipamentos por banheiros fixos, com mais acessibilidade e conforto à população, foi prometida pela então secretária de Ordem Pública de Salvador, Rosemma Maluf em 2016. Na ocasião, a titular da pasta reconheceu que os banheiros químicos não eram a melhor opção para a cidade e prometeu abrir uma licitação em novembro daquele ano para dar início a troca. “Sabemos que esses sanitários químicos não garantem um serviço adequado. Mapeamos as principais demandas: orla, praças e pontos turísticos”, disse em outubro daquele ano. 

Só que apesar da mudança ter sido dada como certa, de acordo com fontes ligadas ao Jornal da Metrópole, os trâmites para a substituição sequer andaram na Prefeitura de Salvador, e nem mesmo o estudo técnico para a abertura do processo licitatório foi concluído.    

Licitação deve ser lançada com mais de dois anos de atraso
Conforme apurou o Jornal da Metrópole, a substituição dos banheiros ficou esquecida na Prefeitura de Salvador por quase dois anos — período em que Rosemma deixou o cargo e fui substituída por Marcus Vinícius Passos. Mas, segundo a pasta, os estudos para a troca dos equipamentos foram iniciados em fevereiro de 2018. Desta vez, caso os prazos sejam cumpridos, a licitação prometida para 2016 deve, enfim, ser lançada no final de 2018. 

“A Prefeitura fará o processo licitatório para a aquisição dos novos banheiros, que serão instalados em locais estratégicos, como praças e áreas de grande circulação de pedestres, pois esses equipamentos necessitam de espaços adequados com pontos de energia, água e esgoto”, afirmou  a Semop através de nota. 

Banheiro trocado por ponto de ônibus 
Banheiros dignos deveriam ser, até o ano de 2020, responsabilidade da JCDecaux, que possui a concessão do mobiliário urbano de Salvador. Mas como mostrou o Jornal da Metrópole em 2016, a empresa admite que deixou de investir nos equipamentos — que eram previstos em contrato — por julgar abrigos de ônibus “mais úteis”. “[Os banheiros] Foram muito mal utilizados. No mundo inteiro o banheiro não funciona. Eles foram usados desde sempre como pontos de drogas, de prostituição”,  disse a diretora-geral da JCDecaux no Brasil, Ana Célia Biondi, na época. 

Mais de R$ 17 milhões em sanitários
O aluguel de banheiros químicos tem feito o município gastar um montante considerável. Somente em 2018, a prefeitura pode pagar mais de R$ 17 milhões pelo serviço — sendo R$ 9.695,560,00 do lote 2 do contrato com a BF Serviços Ambientais e mais R$ 7,7 milhões pagos pelo aluguel dos equipamentos durante o Carnaval. “A Semop ressalta que o valor é pago por demanda, não necessariamente usa-se o teto máximo, e o serviço inclui transporte, instalação e higienização”, disse sobre os mais de R$ 9 milhões do contrato. 

“Modelo” deixa a desejar 
Enquanto a promessa do município não é cumprida, apenas dois banheiros fixos funcionam em Salvador. Instalados na Praça do Campo Grande, os equipamentos conseguem atender o usuário com mais conforto, mas ainda são fonte de reclamações. “Poderia ter uma higiene melhor. Talvez seja porque tantas pessoas usam, as meninas sempre limpam, mas o mau cheiro continua. Tá precisando de uma reforma por dentro”, opinou a massoterapeuta Marisa Santos, que usa o local com frequência.