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Pesquisadora critica sistema carcerário do Brasil: 'mostra as deficiências da nossa sociedade'

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Pesquisadora critica sistema carcerário do Brasil: 'mostra as deficiências da nossa sociedade'

Juliana Borges é autora do livro "Prisões: Espelhos de nós", onde busca provocar reflexões sobre os mecanismos, motivações e a conjuntura que circunda as prisões

Pesquisadora critica sistema carcerário do Brasil: 'mostra as deficiências da nossa sociedade'

Foto: Reprodução/Youtube

Por: Kamille Martinho no dia 29 de setembro de 2020 às 09:40

A pesquisadora e escritora Juliana Borges, autora do livro "Prisões: Espelhos de nós" comentou hoje (29), durante entrevista à Rádio Metrópole, sobre a 'tragédia' do sistema carcerário no Brasil e como sua obra busca provocar reflexões sobre seus mecanismos, motivações e toda a conjuntura que circunda as prisões.

"A provocação do livro é falar que as prisões são espelhos da sociedade. Elas refletem muito do que nós somos. Quando pensamos no perfil daqueles que são presos, mais de 50% não tinham o ensino fundamental completo, ou seja, são dados que mostram deficiências da nossa sociedade", afirmou.

A escritora comenta ainda que o descaso e as condições precárias, nas quais as penitenciarias se encontram, dificultam o processo de ressocialização do indivíduo na sociedade. "Para dormir, eles precisam se revezar, só tem acesso à itens de higiene básica se os familiares levam. Como a gente acha que essas pessoas vão sair melhores desses locais quando elas vivem em uma situação de quase tortura?".

Juliana defende ainda que é necessário pensar em melhores soluções e maneiras de tratar os indivíduos, e que a construção de novas unidades prisionais não melhora a qualidade do sistema e viabiliza a prisão de mais pessoas.  "30% do sistema prisional são presos provisórios. Muitos são réus primários, não tem histórico relacionado a qualquer atividade criminosa. Será então que faz sentido essas pessoas lidarem com um ambiente tão hostil? Não podemos mais sustentar essa ação que alimenta grupos que queremos combater na sociedade", completou a pesquisadora.