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Quarta-feira, 27 de março de 2024

Cultura

Morre o maestro Damiano Cozzella, aos 89 anos

Ligado a movimentos de vanguarda, ele fez arranjos para Caetano Veloso, Augusto de Campos, Tom Zé e Ronnie Von

Morre o maestro Damiano Cozzella, aos 89 anos

Foto: Divulgação

Por: James Martins no dia 25 de maio de 2018 às 17:30

Morreu na quarta-feira (23) o maestro Damiano Cozzella (na foto, com Gilberto Gil e Benito Juarez), aos 89 anos, em São Paulo. Ele chegou à técnica dodecafônica a partir do estudo de composição com o alemão Hans-Joachim Koellreutter na década de 1950.

Cozzella também travou contato com os concretistas e os tropicalistas: dos primeiros, realizou a oralização1 de poemas da série "Poetamenos", de Augusto de Campos; dos segundos, fez arranjos para o LP "Caetano Veloso", de 1968, bem como para a canção "São, São Paulo Meu Amor", de Tom Zé, vencedora do 4º Festival da TV Record no mesmo ano.

Damiano Cozzella, signatário do manifesto "Música Nova" (1963), foi professor da Universidade de Brasília (UnB), em 1964, mas se demitiu no ano seguinte devido às pressões políticas decorrentes do golpe militar. Dali rumou para a aventura da produtora Audimus, fundada por ele, junto a Rogério Duprat e o poeta Décio Pignatari, em 1966, a fim de compor jingles e trilhas sonoras.

Ainda na área da música popular, produziu e fez os arranjos do primeiro disco da fase psicodélica de Ronnie Von, de 1969, que traz canções como "Anarquia", que é iniciada com um trecho de um telefonema de Cozzella para perguntar a Ronnie "o que acha da moda". Fez ainda trilhas para filmes de cineastas como Walter Hugo Khouri ("As Cariocas", 1966) e José Mojica Marins ("Trilogia do Terror", 1968).

No vídeo abaixo, um dos seus arranjos mais conhecidos, para a "Suíte dos Pescadores", de Dorival Caymmi: