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'Pedi aos médicos que me deixassem morrer', diz atriz de Game of Thrones

Cultura

'Pedi aos médicos que me deixassem morrer', diz atriz de Game of Thrones

Emilia Clarke publicou um artigo contando em detalhes como sobreviveu a um aneurisma cerebral potencialmente mortal

'Pedi aos médicos que me deixassem morrer', diz atriz de Game of Thrones

Foto: Divulgação

Por: Metro1 no dia 25 de março de 2019 às 11:10

A atriz Emilia Clarke, de 32 anos, revelou ter sofrido dois aneurismas após gravar a primeira temporada de "Game of Thrones". Ela, que interpreta Daenerys Targaryen na bem-sucedida série da HBO, escreveu um artigo em primeira pessoa na revista "The New Yorker", em que relata que, justo quando começava a realizar seu sonho de ser em direção à fama, quase perdeu a consciência, primeiro, e depois a vida. “Nunca contei em público esta história, mas este é o momento”, inicia.

Emilia conta que tudo começou ao final das gravações da primeira temporada, no princípio de 2011. “Estava aterrorizada. Aterrorizada pela atenção, por um negócio que pouco entendia, por honrar a confiança que os criadores de GoT tinham me dedicado. Eu me senti, em todos os sentidos, exposta. No primeiro episódio apareci nua, e a partir daí sempre me fiz a mesma pergunta: ‘Você faz o papel de uma mulher forte e, entretanto, tira a roupa. Por quê? Quantos homens devo matar para demonstrar minha valentia?’”. Uma situação que, segundo ela, somada à pressão de ver como virava um exemplo a seguir – “As jovens se vestiam com perucas loiras platinadas e túnicas para serem a Daenerys” –, lhe causou muito estresse. 

A atriz então decidiu trabalhar com um personal trainer e, durante uma sessão com ele, começou a passar mal: “Senti como se uma cinta elástica apertasse o meu cérebro. Tentei ignorar a dor, mas não consegui. Disse ao meu treinador que tinha que fazer um descanso”.

E continua: “Quase me arrastando, cheguei ao vestiário. Entrei no banheiro e me ajoelhei, com náuseas. Enquanto isso, a dor me perfurava a cabeça cada vez mais. Sabia o que estava acontecendo: meu cérebro estava afetado”. 

Uma mulher a descobriu nesse estado e chamou uma ambulância: “Ela veio me ajudar, e então tudo se tornou impreciso. Lembro-me do som de uma sirene, uma ambulância; escutei novas vozes, alguém dizendo que meu pulso era fraco, enquanto eu vomitava bílis. Alguém encontrou meu telefone e ligou para os meus pais”.

O relato prossegue: “Uma nuvem de inconsciência pousou sobre mim. Como ninguém sabia o que estava acontecendo comigo, os médicos e as enfermeiras não podiam me administrar medicamentos para aliviar a dor. Finalmente me fizeram uma ressonância magnética, uma exploração do cérebro. O diagnóstico foi rápido e sinistro: uma hemorragia subaracnoidea (SAH, na sigla em inglês), um tipo de acidente cerebrovascular potencialmente mortal, causado por uma hemorragia no espaço rodeia o cérebro. Tive um aneurisma, uma ruptura arterial”. 

E mais: “Como soube mais tarde, aproximadamente um terço dos pacientes com SAH morrem imediatamente ou pouco depois. Os pacientes que sobrevivem exigem tratamento urgente para selar o aneurisma, já que existe um risco muito alto de uma segunda hemorragia, frequentemente mortal. Se quisesse sobreviver e evitar sequelas terríveis, tinha que me submeter a uma cirurgia urgente”.

Clarke foi levada ao Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia de Londres. A princípio, uma operação não estava nos seus planos. “Nesse momento minha vida estava muito ocupada, não tinha tempo para a cirurgia cerebral”, pensou, mas finalmente aceitou e se submeteu a uma intervenção de três horas. “Esta não seria minha última cirurgia, e não seria a pior. Tinha 24 anos”, lembra.

Ela descreve: “Quando despertei, a dor era insuportável. Não sabia onde estava. Tinha um tubo na garganta e estava ressecada e com náuseas. Tiraram-me da UTI depois de quatro dias e me disseram que o grande obstáculo era superar as duas primeiras semanas. Se conseguisse isso sem complicações, era possível uma boa recuperação. Uma noite, depois de ter passado dessa marca das duas semanas, uma enfermeira me acordou e, como parte de uma série de exercícios cognitivos, perguntou-me como me chamava. Meu nome completo é Emilia Isobel Euphemia Rose Clarke. Mas não conseguia recordá-lo. Da minha boca saíam palavras sem sentido algum, e entrei em pânico. Nunca tinha experimentado um medo como esse. Podia ver minha vida passar na minha frente, e não valia a pena vivê-la. Sou atriz, preciso decorar meus textos, e agora não conseguia lembrar nem meu nome”. 

E conclui: “Em meus piores momentos, cheguei a pedir aos médicos que me deixassem morrer. Meu trabalho e todos os meus sonhos estão centrados na linguagem e na comunicação. Sem isso, estava perdida.”

Aproximadamente uma semana depois, porém, Clarke voltou a sair da UTI. Já sabia falar e recordava seu nome. Um mês depois teve alta do hospital. “Retomei a minha vida, mas, enquanto estive no hospital, me avisaram que tinha um aneurisma menor no outro lado do cérebro e que podia romper-se a qualquer momento. Os médicos disseram que era pequeno e que era possível que permanecesse inativo e inofensivo indefinidamente. Só tínhamos que vigiá-lo com cuidado”, finaliza.