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João Gilberto trouxe 'projeto estético' inovador para a música brasileira, diz Aderbal Duarte

Cultura

João Gilberto trouxe 'projeto estético' inovador para a música brasileira, diz Aderbal Duarte

"Ele destacou o violão do regional e a partir disso ele redimensionou o violão. Ele trouxe o sentido rítmico", explicou violonista, que é estudioso da obra do pai da Bossa Nova

João Gilberto trouxe 'projeto estético' inovador para a música brasileira, diz Aderbal Duarte

Foto: Metropress

Por: Juliana Rodrigues no dia 21 de agosto de 2020 às 18:57

O renomado violonista baiano Aderbal Duarte falou, em entrevista à Rádio Metrópole, nesta sexta (21), sobre a revolução estética trazida pelo pai da Bossa Nova, João Gilberto. Às 20h30, o músico apresenta, no canal da Macaco Gordo, o show "Aderbal Duarte decifra João Gilberto" (leia mais).

Estudioso da obra do ícone juazeirense, Aderbal disse ter se encantado com o balanço de João através do rádio, ainda na juventude. Para o violonista, uma das inovações do pai da Bossa Nova está no "redimensionamento" do violão e no projeto estético proposto por ele.

"O violão fazia parte de um conjunto regional: violão na região média, cavaquinho ou bandolim no agudo, e vinha o violão de sete cordas, o pandeiro. João Gilberto tirou todos os outros instrumentos e ficou só nele. Ele destacou o violão do regional e a partir disso ele redimensionou o violão. Ele trouxe o sentido rítmico. Se você quiser tocar João Gilberto, tem que estudar o ritmo. Não é só dedilhado, não é acorde. E o violão de João tem um sotaque baiano. Por isso que quando eu ouvi eu reconheci as coisas que a gente toca em samba de roda. Mas ele, antes de tudo, é uma coisa bem pensada. Um projeto estético para voz e violão que usa os elementos do samba. E é tão bem feito que parece natural, mas ele tem muita técnica por trás disso, muito estudo, muito detalhe. Uma vez ele me disse que levava oito meses trabalhando no acompanhamento de uma música. E se dizia que João cantava baixinho, mas não é só isso. O recado dele é o seguinte: modere seu tom de voz, mas melhore seus argumentos", explicou.

Para Aderbal, a possibilidade de aparecerem outros artistas com a "sofisticação e genialidade" de João Gilberto existe, mas o pai da Bossa Nova sempre será um modelo. "Sempre vai ter gente com espírito produtivo tentando representar o que a natureza fornece como modelo. E o que a natureza forneceu para João Gilberto? O samba. Podem aparecer outros gênios na frente, ninguém sabe. Mas gênio é gênio. O que a gente sabe é que isso concorre para a grandeza do ser humano. Agora, se estudar desenvolve, todo mundo tem seu balanço, mas se estudar João Gilberto, melhora o balanço de todo mundo", afirmou.