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Educação e Relações Exteriores vão se basear em 'seita ideológica' no governo Bolsonaro, diz sociólogo

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Educação e Relações Exteriores vão se basear em 'seita ideológica' no governo Bolsonaro, diz sociólogo

Em entrevista a Mário Kertész, Magnoli ainda afirmou que Olavo de Carvalho defende um novo "cesarismo": "É a necessidade de um governante poderoso, autoritário"

Educação e Relações Exteriores vão se basear em 'seita ideológica' no governo Bolsonaro, diz sociólogo

Foto: Cleones Novais / TV Cultura

Por: Juliana Rodrigues no dia 19 de dezembro de 2018 às 12:22

O sociólogo, jornalista e escritor Demétrio Magnoli analisou, hoje (19), em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, as indicações para o ministério do governo de Jair Bolsonaro. Para Magnoli, a escolha dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, influenciada pelo filósofo e atual "guru" da direita, Olavo de Carvalho, personifica uma corrente ideológica que encontrou um espaço no governo do presidente eleito, definido por ele como um "condomínio" por não ter um partido grande que lhe dê coerência.

"O que eu constatei é que são dois ministérios que vão operar com base em ideologia, não vão operar com base no mínimo de consenso político e de argumentos técnicos sobre o que é necessário nessas duas áreas. Vão operar com base em ideias de uma seita ideológica", afirmou.

Ao comentar a visão de Olavo de Carvalho sobre a imprensa, classificada pelo "guru" da direita como "inimiga do povo", Magnoli disse que o brasileiro "atualiza ideias antigas" do filósofo alemão Oswald Spengler, como a "decadência do Ocidente". "É a ideia de que a democracia de massas, que estava surgindo naquela época, significa um declínio da cultura e da civilização do Ocidente, que o surgimento do povo como parte da cena política representa um envenenamento da cultura ocidental (...) São essas coisas que são repetidas hoje por uma nova direita nos EUA, na Europa e no Brasil, por Olavo de Carvalho e seus seguidores", disse.

Segundo o sociólogo, Olavo traz de volta o "cesarismo" defendido por Spengler: "É a necessidade de um César, de um governante poderoso, autoritário, que centralize o poder e torne a democracia inoperante".

Magnoli vê três fatores como decisivos para a eleição de Jair Bolsonaro: o colapso do centro político do país, "em especial do PSDB"; a configuração do pleito como "um plebiscito sobre Lula" por parte do PT; e a abordagem dos problemas da corrupção e da violência por parte de Bolsonaro durante a campanha. No entanto, para ele, houve uma mudança radical no discurso da equipe do presidente eleito após o resultado das urnas.

"Os ideólogos que estão no governo fazem um discurso que não foi o que venceu as eleições. O discurso que venceu as eleições foi um discurso anti-PT, de combate à corrupção e à violência. Foi nisso que os eleitores votaram, eles não votaram nas ideias de Olavo de Carvalho. Não votaram em Trump", analisou.