Bebianno diz que Bolsonaro 'faz o que os filhos querem' e 'se mostrou arrogante'

O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, afirmou, em entrevista publicada hoje (8) na Folha, que o presidente Jair Bolsonaro "se mostrou muito arrogante" depois de eleito, e que os filhos do chefe do Executivo nacional são mimados e atrapalham o governo. Bebianno foi demitido ainda no começo do governo Bolsonaro, em meio ao escândalo de candidaturas laranjas no PSL.

"Conheci um Jair Bolsonaro até a eleição. Esse eu considerava um amigo, um homem que conciliava firmeza e a humildade para ouvir. O que conheci após as eleições é outra pessoa. (...)
Que mostra algumas contradições. Defende a nova política. Mas não há nada mais velho na política do que empregar parentes e amigos. Essa indicação do Eduardo é o fim da picada. (...) É a velha política. Bolsonaro se mostrou muito arrogante. Na campanha e na pré-campanha, ele sempre foi bastante humilde. Eleito, ele revela um ar autoritário e agressivo desnecessariamente", afirmou.

Para o ex-ministro, Bolsonaro "confunde o papel de pai biológico com 'pai' de uma nação". "É um péssimo exemplo. O Eduardo não faz ideia do papel de um embaixador, não fala sequer o idioma. Bolsonaro sabe que ele não tem qualificação. (...) Do convívio que tive, um rapaz muito jovem, muito mimado. Aliás, os três são mimados. (...) Ele faz o que eles querem", afirmou Bebianno, que também disse que "não bota a mão no fogo" pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), responsável pelas redes sociais do pai durante e após a campanha eleitoral.

O ex-ministro também avalia que o pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) para suspender as investigações sobre o caso envolvendo o ex-assessor Fabrício Queiroz é "suicídio político", e que os filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não atrapalhavam tanto" quanto os filhos de Bolsonaro.

Bebianno afirmou que se arrepende de ter aceitado assumir o comando do PSL e não descarta a possibilidade de concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro.