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Força-tarefa da Lava Jato preferiu buscar acordos a investigar bancos, apontam mensagens

Política

Força-tarefa da Lava Jato preferiu buscar acordos a investigar bancos, apontam mensagens

Procuradores acreditavam que operação contra instituições financeiras poderiam promover 'risco sistêmico'

Força-tarefa da Lava Jato preferiu buscar acordos a investigar bancos, apontam mensagens

Foto: José Cruz/ Agência Brasil

Por: Juliana Almirante no dia 22 de agosto de 2019 às 12:22

A força-tarefa de Curitiba preferiu buscar acordos do que investigar acusações contra as instituições financeiras, de acordo com mensagens analisadas pelo "The Intercept" e El País, divulgadas hoje (22). 

“O Banco, na verdade os bancos, faturaram muuuuuuito com as movimentações bilionárias dele”, declarou o procurador Roberson Pozzobon, da força-tarefa de Curitiba, em troca de mensagens por meio do Telegram, com seus colegas, no dia 16 de outubro de 2018.

Segundo a reportagem, Pozzobon se referiu às movimentações financeiras do empresário e lobista Adir Assad, condenado por lavagem de dinheiro, após ser acusado de envolvimento em escândalos de corrupção, incluindo o da Petrobras.

Os procuradores sabiam que o doleiro havia aberto uma conta no Bradesco nas Bahamas para lavar dinheiro “a rodo”. Eles também tinham conhecimento de que, em 2011, o Compliance Officer, setor responsável por fazer o banco cumprir normas legais, teria alertado o Bradesco de que havia algo errado com essa conta.

“E o que o Bradesco fez?”, questionou Pozzobon. “Nada”, responde ele mesmo.

Um temor constante entre os procuradores para abordar os bancos, segundo as mensagens, é o risco sistêmico que poderiam promover.

 “O que nós temos a favor e que é uma arma que pode explodir é que uma operação sobre um grande banco pode gerar o tal do risco sistêmico. Podemos quebrar o sistema financeiro. Essa variável tem que ser considerada para o bem e para o mal”, escreveu o procurador Januário Paludo, em outubro do ano passado.

“Por isso, estrategicamente, medidas ostensivas tem que ser tomadas em relação a pequenas instituições para ver o quanto o mercado vai reagir”, complementou.

Procurada pela reportagem, a força-tarefa de Curitiba declarou, por meio da assessoria de imprensa, que "é de conhecimento público que as forças-tarefas Lava Jato no Paraná e no Rio de Janeiro já adotaram diversas medidas de persecução criminal em face de integrantes de instituições financeiras, incluindo diretores e gerentes de bancos e corretoras". 

O MPF ainda disse que "não reconhecesse as mensagens que lhe têm sido atribuídas": "O material é oriundo de crime cibernético e sujeito a distorções, manipulações e descontextualizações".