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‘Kakay’ vê Brasil sem oposição e reclama de passividade das instituições com Bolsonaro

Política

‘Kakay’ vê Brasil sem oposição e reclama de passividade das instituições com Bolsonaro

Um dos advogados mais renomados do país, Antônio Carlos de Almeida Castro questiona também a passividade da sociedade civil diante do cenário político

‘Kakay’ vê Brasil sem oposição e reclama de passividade das instituições com Bolsonaro

Foto: Metropress

Por: Alexandre Galvão no dia 26 de agosto de 2020 às 15:00

Um dos advogados mais renomados do país, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, reclamou da falta de uma oposição organizada contra o presidente da República, Jair Bolsonaro. Em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, ele diz ainda que o chefe do Palácio do Planalto faz mal às instituições do país.

“Me impressiona a banalização da gravidade do que nós estamos vivendo. Você imagina que tem um presidente da República que diz que vai intervir no STF, ele é mal assessorado, isso que deveria ser um escândalo, não dá nenhuma relevância. Nós banalizamos. Esse presidente faz um mal para as instituições tão grande… o presidente diz que vai intervir, na frente de generais, tornamos o Brasil desimportante. Não estamos dando a dimensão exata ao que está acontecendo. O segundo ponto, tão grave quanto, é você imaginar a falta de reação da sociedade organizada. Os partidos não existem, eu faço política institucional, mas me espanto de ver a passividade. Você tem um presidente que diz que vai intervir no STF e não tem discussão”, afirmou.

Kakay diz entender ainda o cuidado de alguns membros que chefiam instituições nas respostas a Bolsonaro, mas questiona a passividade da sociedade civil. “Antigamente eu teria me insurgido contra o supremo [após a notícia da vontade de Bolsonaro intervir no Judiciário]. Hoje acho que eles fizeram certo. Tem que ter relação. Tratamos com um presidente inimputável ou genocida, o STF tem que ter os cuidados. Mas nós, sociedade civil, a forma que representaria a sociedade, tínhamos que ter nos indignado. Temos 110 mil mortos e o presidente diz que é balela. Tenho muito medo... escrevi um artigo na sexta que fala sobre a angústia e a dor. Eu não suporto essa mediocridade do Brasil, eu não sei como conviver com pessoas que você não consegue dialogar minimamente. Minha vontade é ir pra Bahia e ficar numa praia e abstrair. Mas não posso, temos que fazer uma resistência democrática. É grave essa não-oposição”, constatou.

Apesar das posições antidemocráticas de Bolsonaro, Antonio Carlos de Almeida Castro não acredita que o Exército Brasileiro vá embarcar em um golpismo com Bolsonaro à frente. Segundo ele, as Forças Armadas não topariam se envolver “com a milícia”, em referência a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Bolsonaro, acusado de praticar desvio de salário de funcionários públicos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

“Eu sou um cidadão que acredito que não teremos um golpe. Quando ele fala do artigo 142, isso se chama golpe constitucional que esse presidente genocida começou a buscar. Eu sei que isso não acontecerá, sei que vamos resistir. Acredito que o exército não vá dar força a um sistema coordenado pela milícia. Bastou prender Queiroz que o presidente mudou, calou, começou a trazer o Centrão. Se for melhor pro país, eu topo. A democracia se dá assim: quem se elege governa até o fim. Acho ele medíocre e genocida, mas se ele conseguir levar até o final, vamos ganhar pelo voto na próxima disputa. O que não podemos ter é o abandono do país”.

Kakay disse que viu com “perplexidade” a declaração do ministro do STF, Luiz Edson Fachin, sobre a possibilidade de Lula ter disputado a eleição de 2018. Para ele, Fachin, relator da Lava Jato na Corte, foi conivente com erros da Força-Tarefa que ajudou a semear a candidatura do chefe do Executivo.

“Trazer isso agora... há um certo requinte de crueldade. Tudo que a Lava Jato fez de absurdo jurídico, houve esse apoio específico do relator do STF. Eu fico perplexo. Eu não tenho dúvida que esse grupo coordenado por esse juiz com cunho fascista [Sergio Moro], que coordenava a força-tarefa instrumentalizou o judiciário. Eles têm projeto próprio. Vamos fazer um enfrentamento, vamos mostrar a parcialidade desse juiz. Não é pró-lula, não. Eu dizia que eu queria cumprir a constituição. Agora vamos novamente tornar uma questão grave, que é colocar as claras a parcialidade desse juiz. Eu não sou lulista, ele incorporou 36 milhões de pessoas à vida ativa do país, mas tenho críticas. A parcialidade de Moro foi política. Vamos enfrentar esse juiz agora. Quem é ele? É maior que o STF?”, questionou.

Para o advogado, o STF ficou mais forte durante a gestão Bolsonaro por conta da fraqueza do Legislativo e do Executivo. Essa força, porém, precisa ser medida.

“O STF é um poder que, pela fragilização do Legislativo e mediocridade do Executivo, ele virou o grande Poder. O Poder que legisla. Temos que parar de ter superpoderes. Esse Queiroz quando foi preso, o presidente sumiu. Medo. Pânico. Ele sabe o que está rondando. Eu me permito colocar, quando se pensou onde está o Queiroz, descobriram, há uma pergunta que ecoa: quem matou Marielle? É o mesmo grupo. temos o direito de pensar, de querer o melhor para o país, para elucidar esses dramas. Vamos saber em pouco tempo quem é e o que é o Poder Judiciário”.