Hoffmann critica Anastasia como relator: "Tem que responder pelos erros também"

O senador e ex-governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB-MG), foi eleito relator da Comissão Especial que vai analisar o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) no Senado e, desde que assumiu a função, tem sido alvo de críticas do PT e partidos ligados à situação do governo. O mesmo é feito pela senadora Gleisi Hoffmann (PT) e, em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã desta sexta-feira (06), ela reafirmou a opinião.

Segundo Hoffmann, não é uma questão de perseguição ao senador ou embate político com o PSDB, mas ele é suspeito para relatar as "peladas" de Dilma. "O PSDB foi o partido que deu origem ao processo de impeachment. Miguel Reale [jurista] é filiado ao PSDB, Janaína Paschoal [jurista] recebeu recursos para fazer o parecer do impeachment, R$ 45 mil, ela foi contratada para isso. Na Câmara e no Senado foi o partido mais atuante. Então, colocar um senador do PSDB para fazer o relatório não poderia ter outra saída. Ele ia aceitar o impeachment, lógico, ele é militante da causa. Por isso ficamos falando sobre isso, a importância de ter um senador que não fosse de oposição da presidenta", disse.

A senadora chegou a dar um exemplo para justificar o julgamento feito a Anastasia. "Ele, na reunião que levamos os juristas da defesa para falar, saiu antes da reunião acabar. Quer dizer, em um processo crítico como esse, ele não poderia ter se ausentado. Ele escutou o pessoal da acusação até o final, então reclamei. Naquele momento, estávamos como julgadores da presidente, tanto que se aberto o impeachment contra a presidente quem assume é o presidente do STF", contou.

Gleisi Hoffmann também apontou os "deslizes" de Anastasia, relacionados ao Governo de Minas Gerais, com os da presidente Dilma na Presidência da República. Segundo a senadora, ele "também tem que responder pelos erros orçamentários".

"Fizemos um levantamento no Governo de Minas, todos os pontos se parecem com o que eles estão acusando Dilma e eles dizem que a Assembleia lá aprovou tudo. Mas aprovou leis que são inconstitucionais, como por exemplo, autorizar ele a tirar recursos de previdência dos servidores, que ele retirou para colocar no caixa geral do estado. Como ele também fez um termo de ajustamento de gestão do tribunal de contas para gastar menos em educação e saúde, menos que a constituição permite. Então, eu disse a ele: é muita cara de pau o senhor pegar um relatório, vir aqui, acusar a presidente por essas questões e achar o que o senhor fez tá correto. Por isso, que temos criticado muito. Além de ser do PSDB, ele cometeu erros muito piores em relação ao orçamento de Minas do que a presidenta cometeu com o orçamento federal", argumentou.