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Após quatro anos em obras, situação só piora no aeroporto de Salvador

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Após quatro anos em obras, situação só piora no aeroporto de Salvador

Listar os problemas do Aeroporto Internacional de Salvador tem sido tarefa cada vez mais árdua. Não pela dificuldade de encontrar irregularidades, que saltam aos olhos de qualquer um, mas pela necessidade de acrescentar um novo item a cada semana [Leia mais...]

Após quatro anos em obras, situação só piora no aeroporto de Salvador

Foto: Tácio Moreira/Metropress

Por: Bárbara Silveira no dia 14 de janeiro de 2016 às 06:02

Listar os problemas do Aeroporto Internacional de Salvador tem sido tarefa cada vez mais árdua. Não pela dificuldade de encontrar irregularidades, que saltam aos olhos de qualquer um, mas pela necessidade de acrescentar um novo item a cada semana.

Desde 2012 — quando tiveram início as obras do aeroporto, que deveriam ser entregues completamente revitalizados para a Copa do Mundo de 2014 — o Jornal da Metrópole denuncia a ausência de infraestrutura e comprometimento da Infraero com os reparos.

De lá para cá, o passageiro foi obrigado a conviver com a falta de ar condicionado, que transforma os saguões em verdadeiras saunas, a poeira, a falta de organização da obra e a falta de higiene do espaço, que mantém banheiros sujos e sem as mínimas condições de uso. Como se já não fosse bastante, em maio e abril do ano passado, dois buracos na pista de decolagem resultaram no cancelamento e atraso de centenas de voos.

A péssima estrutura do aeroporto fez com que a companhia aérea Gol pedisse aos seus clientes que antecipassem em duas horas a chegada ao aeroporto, com a justificativa que o embarque pudesse ser assegurado no horário previsto. Como se não bastasse a extensa lista de problemas, a Metrópole apurou que, além da falta de estrutura e limpeza, corremos o risco de ficar também sem segurança adequada!

Agentes de inspeção e proteção foram desligados

O aeroporto de Salvador deixou de contar com cerca de 20 funcionários, entre agentes de proteção e de canal de inspeção, responsáveis por garantirem a segurança de passageiros e funcionários.

Os profissionais realizavam a inspeção pré-embarque, norma de segurança que garante que passageiros não entrem nas aeronaves com armas, produtos químicos, drogas e qualquer artigo proibido que coloque em risco a vida de todos a bordo.

Infraero confirma demissões, mas fala apenas em “readequação do serviço”A Infraero confirmou os cortes ao Jornal da Metrópole com o argumento de “readequação do serviço”. “A redução do efetivo de Agente de Proteção e Supervisores decorre da adequação do serviço de proteção da aviação civil, conforme a demanda operacional do aeroporto. A mudança não afetará os procedimentos de inspeção e segurança, uma vez que o serviço sempre é feito de acordo com as normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, disse sem explicar de que forma a perda será suprida para que a segurança dos passageiros não seja afetada.

Vergonha para o setor turístico

Na opinião do presidente da empresa Salvador Destination, Paulo Gaudenzi, Salvador não soube aproveitar a Copa do Mundo para melhorar a infraestrutura do aeroporto, que hoje é um equipamento motivo de vergonha para o setor turístico. “O nosso governo poderia ter pressionado muito mais. Isso era o grande legado que poderia ser deixado. Das 12 cidades sedes da Copa, no item recursos para aeroportos, o nosso foi o menor. Uma cidade como Salvador receber R$ 120 milhões para o aeroporto? Natal, Fortaleza, tiveram aeroportos novos para a Copa”, reclama Gaudenzi, que deixou claro, em entrevista à Metrópole, que a grande expectativa do setor é que a Infraero deixe a administração do aeroporto. “A privatização é fundamental”, acrescenta.

Funcionários reclamam; efetivo de limpeza cresce

Os profissionais de limpeza do aeroporto reclamam das condições e da elevada carga de trabalho. “Acumulamos funções e mesmo assim não damos conta. Já tem gente com alergia porque passa muito tempo com a mesma luva”, contou uma funcionária da empresa terceirizada Qu4ttro Serv, responsável pela limpeza do local. “Tem dia que não tem papel higiênico”, conta.

O gerente-geral da empresa, Gilson Costa, negou as denúncias. Ele garantiu que o efetivo foi aumentado para 210 funcionários e atende a necessidade do local no verão.

Seguranças ameaçam parar

Ao Jornal da Metrópole, seguranças revelaram que o atraso do pagamento dos salários e até mesmo do transporte têm se tornado problemas frequentes. A empresa Vipac Segurança é a terceirizada responsável escolhida pela Infraero. “Teve a redução do efetivo e hoje, um funcionário faz o trabalho de três, quatro pessoas”, conta um dos funcionários.
Mesmo em menor número, os profissionais se esforçam para tentar garantir o funcionamento normal do aeroporto. “A gente que é profissional tenta fazer o máximo. Mas é aquela coisa: nós estamos brigando pela nossa situação.Nosso salário está atrasado, e já é a segunda vez”, reclama o funcionário, que afirma ainda que, se a situação persistir, os profissionais vão cruzar os braços. Segundo a Vipac, o pagamento será feito “até sexta-feira”.