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Assentamento de Exu, em terreiro de candomblé, é atacado no sul da Bahia

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Assentamento de Exu, em terreiro de candomblé, é atacado no sul da Bahia

Ataques foram atribuídos à membros de igreja cristã Assembleia de Deus

Assentamento de Exu, em terreiro de candomblé, é atacado no sul da Bahia

Foto: Reprodução

Por: Gabriel Amorim no dia 15 de fevereiro de 2022 às 10:32

O terreiro de candomblé Logun Edé, localizado no bairro Juca Rosa, na zona Norte de Eunápolis, sofreu com ataques sucessivos nos últimos dias. Segundo denúncia compartilhada através das redes sociais, o terreiro foi alvo de intolerância religiosa em duas ocasiões entre o último domingo (13) e a segunda-feira (14). 

No vídeo que circula nas redes sociais, publicado por Wilver Moreira, é possível ver parte do terreiro destruído. A destruição, que aconteceu na segunda, foi o segundo ataque sofrido pela casa e atribuído à membros da igreja Assembleia de Deus. “Filho de Santo nenhum anda na porta de igreja fazendo qualquer tipo de protesto porque acreditamos na liberdade religiosa. Acreditamos que  qualquer pessoa tem direito a professar sua fé seja ela qual for. Intolerância religiosa é um crime”, diz o jovem no vídeo, ao mostrar tijolos no chão em frente ao terreiro. 

No vídeo, Wilver explica que os autores do ataque destruíram “o assentamento de Exu”, localizado na porta do terreiro, aproveitando que os filhos de santo estavam todos em uma uma obrigação religiosa, de portas fechadas. Ainda segundo a denúncia, o mesmo grupo havia levado um carro de som para a frente do terreiro, na tarde de domingo (13), para pregar contra o terreiro. “São pessoas que não acreditamos que sejam cristãos de verdade, porque vieram fazendo uma pregação baseada no ódio e cristão de verdade prega o amor”, diz Wilver.

Filha de santo, Luzanira Santana, diz que a confusão já foi grande desde o domingo. “Eles já tentaram destruir o assentamento no domingo, mas minha mãe não deixou. Quando minha sobrinha foi pedir ao pastor para parar ele já foi direto com a mão na testa dela, fechou um monte de homem ao redor dela. A gente teve que acudir”, relata. 

Para a filha de Mãe Luziene, a situação deixou todos abalados. “Nos sentimos pisados, invadidos, é muito triste essa situação. Eu já chorei muito. Minha mãe está abatida”, diz. O medo de quem vive no terreiro é que a situação se descontrole. “Nosso medo é que aconteça algo maior ainda, que o terreiro seja invadido”, alega.

Representantes do terreiro já registraram boletins de ocorrência sobre os dois ataques. Em nota, a  Polícia Civil confirmou o registro de um boletim. “Foi registrada na Delegacia Territorial de Eunápolis, na tarde de domingo (13), uma ocorrência de lesão corporal em frente a um terreiro de candomblé. De acordo com a comunicação feita à Polícia Civil, naquele dia, cerca de 20 fiéis de uma igreja evangélica se reuniram em frente ao local e proferiram ofensas à proprietária do templo da religião de matriz africana, que, ao rebater os impropérios, acabou agredida – assim como mais duas vítimas” detalha o texto enviado ao Metro1, que ainda acrescenta que o caso está sendo investigado.

Também procurada, a Policia Militar ainda não retornou aos questionamentos da reportagem.  Já a prefeitura de Eunápolis afirmou que não vai se posicionar sobre o caso