
Bahia
Orquestra Sinfônica da Bahia estuda parceria para superar crise e continuar viva
Se seguirmos os padrões que definem o uso da nomenclatura “sinfônica”, a Orquestra Sinfônica da Bahia, fundada em 1982, teria de se apresentar ao público de forma diferente. “Uma orquestra que se julga sinfônica e não de câmara tem que ter no mínimo 12 primeiros violinos, e nós temos quatro. Tem que ter no mínimo 10 segundos violinos, e nós temos quatro“, lamenta o maestro Carlos Prazeres, que assumiu o posto de regente titular e curador artístico da Osba em 2011. [Leia mais...]

Foto: Pedro Moraes/Secom
Se seguirmos os padrões que definem o uso da nomenclatura “sinfônica”, a Orquestra Sinfônica da Bahia, fundada em 1982, teria de se apresentar ao público de forma diferente. “Uma orquestra que se julga sinfônica e não de câmara tem que ter no mínimo 12 primeiros violinos, e nós temos quatro. Tem que ter no mínimo 10 segundos violinos, e nós temos quatro“, lamenta o maestro Carlos Prazeres, que assumiu o posto de regente titular e curador artístico da Osba em 2011.
Segundo Prazeres, na contramão da gigantesca crise em que se encontra, a Orquestra vive o seu melhor momento de procura do público, mas a demanda não pode ser atendida por falta de estrutura. “A Osba hoje tem uma onda de público muito grande, e seria um desperdício a gente deixar essa onda morrer sem que algo seja feito. Não é tão normal assim tanta gente se interessar por música clássica, e a Bahia vive esse fenômeno”, analisa.
Apesar de já ter dividido o palco com nomes como Luciano Pavarotti e balés como Kirov, Bolshoi e o da Cidade de Nova York, a Osba enfrenta uma crise financeira desde 2011. E, segundo o maestro, a solução encontrada para o problema pode ser a publicização.
Publicização pode ser solução para crise na orquestra sinfônica da bahia
Modelo de administração usado em orquestras como a Neojiba, a publicização — quando o Estado atua em parceria com a iniciativa privada e sociedade civil — tem sido vista como o único caminho para salvar a Osba.
Com a mudança, o governo do estado faria um edital para que uma Organização Social (OS) se habilite a administrar a Osba. “A gente passaria da administração direta [do Estado] para a indireta. Isso quer dizer que a Osba vai poder começar a captar recursos, o que hoje é um processo muito complicado”, explica Prazeres. Com a mudança, a Orquestra deixaria as amarras das leis que regem o funcionalismo público, que, segundo o maestro, muitas vezes são incompatíveis com a atividade musical.
Processo não seria mera terceirização
Ressaltando que o panorama atual é “muito negativo”, o maestro Carlos Prazeres descarta que a mudança funcionaria como uma mera terceirização da Orquestra. Segundo ele, a abertura da administração traria a chance do projeto ter continuidade. “Nós temos que nos adequar a uma gestão mais moderna. Isso foi um pleito que começou na gestão do maestro Ricardo Castro. A gente poderia ser administrado por uma OS que possa correr atrás de recursos para complementar os do governo, mas o governo não deixaria de ser o principal apoiador. O governo ainda é dono daquele bem. Não seria uma privatização de forma alguma”, opina.
Nas mãos do governador Rui Costa
A última reunião entre o secretário de Cultura da Bahia (Secult), Jorge Portugal e representantes da Osba foi realizada na última sexta-feira (4) e, a partir de agora, a decisão pela mudança está nas mãos do governador Rui Costa (PT), que chega de viagem oficial à China no próximo dia 14. “Bem antes, quando eu entrei aqui na secretaria, eu já sabia que o caminho para a Orquestra Sinfônica da Bahia era a publicização. Nós não tivemos como fazer isso no ano passado devido a rudeza da crise”, explica Jorge Portugal.
Agora, o secretário vai esperar o governador chegar para que ele dê uma resposta definitiva sobre o assunto. “Vou mostrar que esse é um caminho consequente e espero que ele acolha. Não creio que vá ter nenhum grande percalço”, garante.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.