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Primeira santa do Brasil, Irmã Dulce tem legado que vai de galinheiro improvisado a maior complexo filantrópico da Bahia

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Primeira santa do Brasil, Irmã Dulce tem legado que vai de galinheiro improvisado a maior complexo filantrópico da Bahia

Irmã Dulce construiu um legado de amor que vai da porta das feiras ao Vaticano, transformando o cuidado com os pobres em santidade reconhecida pelo mundo

Primeira santa do Brasil, Irmã Dulce tem legado que vai de galinheiro improvisado a maior complexo filantrópico da Bahia

Foto: Divulgação/OSID

Por: Fabiana Lobo no dia 13 de agosto de 2025 às 09:57

Atualizado: no dia 13 de agosto de 2025 às 10:03

A canonização de Irmã Dulce, em 13 de outubro de 2019, levou o mundo a conhecer a primeira santa brasileira. Naquele dia, Irmã Dulce (ou Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes) se tornou oficialmente Santa Dulce dos Pobres, nome que honra toda a sua história e legado. Mas é o 13 de agosto, data da morte do “Anjo Bom da Bahia”, em 1992, que marca o dia litúrgico de Irmã Dulce. O número 13 é significativo nessa história, esteve presente também no dia do batismo, do recebimento do hábito religioso de Dulce e em outros episódios considerados de sorte e proteção para ela.

Um galinheiro e o orgulho da Bahia

Irmã Dulce faleceu aos 77 anos de  causas naturais, no Convento Santo Antônio, situado na Avenida Dendezeiros, na Cidade Baixa. Foram quase oito décadas de muita história e generosidade. É, por exemplo, tradição na Bahia contar, com orgulho, que o maior hospital do estado nasceu de um galinheiro. Essa história surge em 1947, quando Irmã Dulce recebeu autorização para transformar o galinheiro do Convento de Santo Antônio em abrigo para 70 doentes.

O lugar depois deu origem ao Hospital Santo Antônio, no Largo de Roma e, em 1959, tornou-se oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). No entanto, sua trajetória começou bem antes, atendendo no portão de casa e, depois em comunidades carentes, período em que atendeu muitos operários. 

De porta em porta

Incansável, Irmã Dulce buscava ajuda onde fosse possível, ela peregrinava na porta de governadores, prefeitos, secretários, mercados, feiras e até a Presidência da República. O objetivo era sempre o mesmo: arrecadar recursos para ajudar os enfermos que acolhia. Seu trabalho ganhou reconhecimento internacional, conheceu o Papa João Paulo II, foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 1988 e, décadas depois, recebeu o maior reconhecimento da Igreja Católica: ser proclamada santa.

Milagres

O primeiro milagre atribuído à sua canonização aconteceu em 2001, em Itabaiana (SE), quando Cláudia Cristiane sobreviveu a uma hemorragia grave após receber uma relíquia de Irmã Dulce e ter sua família em oração. A cura, inexplicável para a medicina, foi reconhecida pelo Vaticano, levando à beatificação em 2011. 

O segundo milagre, reconhecido em 2019, foi a recuperação da visão de José Maurício Moreira, cego por 14 anos. Após rezar com fé pedindo alívio para uma dor nos olhos, acordou enxergando novamente. Esse reconhecimento abriu o caminho para a canonização de Irmã Dulce.

Legado

O "Anjo Bom da Bahia" se tornou a primeira santa nascida no Brasil e sua canonização é a terceira mais rápida da história - 27 anos após seu falecimento. E hoje, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) são um dos maiores complexos de saúde filantrópica do Brasil, realizando mais de 4 milhões de atendimentos gratuitos por ano. São 23 núcleos de atuação, acolhendo desde pacientes oncológicos e pessoas com deficiência até moradores de rua. A instituição é fruto da trajetória de amor e serviço de Irmã Dulce.