Família se apropria da pensão de idosa explorada e alega 'incapacidade de lidar com dinheiro'

Duas mulheres são investigadas por manterem uma idosa em situação análoga à escravidão por mais de 50 anos, em Itabuna, no sul da Bahia. A idosa, de 64 anos, não recebia salário e teve o benefício do INSS tomado pelas mulheres sob a justificativa de que "não sabia lidar com dinheiro". Ela foi resgatada em condições precárias, sem dentes, com feridas não tratadas e sem acesso a cuidados médicos.

"Além de não receber o salário, ela não ficava com o benefício, que era dela, sob alegação de que ela 'não sabia lidar com o dinheiro'. Essa alegação é muito frequente nesses casos, pois essas vítimas normalmente têm pouca escolaridade", disse Liane Durão, auditora fiscal do trabalho, em entrevista à TV Bahia. O argumento foi usado para justificar o desvio da pensão que a trabalhadora recebia por um casamento anterior.

A pensão, cujo valor não foi divulgado, era retirada pelas duas mulheres mensalmente. A idosa não tinha controle sobre seu próprio benefício nem era remunerada pelo serviço prestado à família.

Antes de servir às atuais suspeitas, a mulher trabalhou para a avó delas, sendo tratada como “herança”. A auditora destacou que, nesses casos, a vítima é transferida de geração em geração como um objeto, sem qualquer reconhecimento de seus direitos ou dignidade.