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Ouça a terceira matéria especial sobre a trajetória política de Waldir Pires

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Ouça a terceira matéria especial sobre a trajetória política de Waldir Pires

Foi difícil de compreender quando, em 1989, Waldir Pires renunciou ao governo da Bahia, depois da grandiosa vitória que teve nas urnas em 86. Ele deixava o estado sob o governo de seu vice, Nilo Coelho, para empreender ao lado de Ulysses Guimarães, uma batalha pela presidência da República. [Leia mais...]

Ouça a terceira matéria especial sobre a trajetória política de Waldir Pires

Foto: Reprodução

Por: Gabriel Nascimento no dia 23 de outubro de 2016 às 11:30

Foi difícil de compreender quando, em 1989, Waldir Pires renunciou ao governo da Bahia, depois da grandiosa vitória que teve nas urnas em 86. Ele deixava o estado sob o governo de seu vice, Nilo Coelho, para empreender ao lado de Ulysses Guimarães, uma batalha pela presidência da República. A princípio, Waldir queria ser presidente, mas o resultado da convenção do PMDB acabou com Ulysses candidato a presidente e Waldir a vice. A campanha não teve êxito, e os dois acabaram ficando em sétimo lugar. Foi eleito Fernando Collor de Mello.

É o próprio Waldir Pires que nos conta como foi tomar a difícil decisão de renunciar ao governo do estado, depois de uma votação tão expressiva, para concorrer à vice presidência da República. Ele deu a declaração durante o evento Café com Mário Kertész transmitido pela Rádio Metrópole em novembro de 2013. "Não bastava nós vencermos dentro da nossa própria terra. Era preciso no Brasil construir um tipo de governo com uma responsabilidade com o nosso povo brasileiro, baiano, mudar a natureza das relações sociais. Aquela foi uma convicção que foi se aprofundando e até o sacrifício maior que já fiz em minha vida. Mas foi deixar o governo da Bahia para impedir o desvio brutal de um destino de luta. 20 anos de luta pra derrubar um regime de ditadura e depois ter uma candidatura como a do Collor? Era uma dessas coisas inimagináveis. Me cheirava uma traição ao país. Fiz o ato de maior sacrifício", afirmou.

Mas o ressentimento dos eleitores baianos depois da renúncia de Waldir não parece ter durado muito tempo. Em 1990, já no PDT, quando se candidatou a deputado federal, ele teve mais uma estrondosa votação. Waldir teve quase 148 mil votos e foi o mais votado. Os três deputados que receberam mais votos depois dele foram Luis Eduardo Magalhães, com 86 mil votos, depois viria o alagoano João Alves e em quarto lugar Waldeck Ornelas, todos do PFL, capitaneado por Antônio Carlos Magalhães. Nas eleições seguintes, Waldir concorreu a uma vaga no Senado, pelo PSDB. Disputava com o próprio ACM e com Waldeck Ornelas. As pesquisas davam como certas as vitórias de ACM e Waldir. Mas o resultado das urnas foi diferente. ACM e Waldeck foram eleitos num processo eleitoral obscuro e que é tido hoje como uma fraude histórica. Os votos nulos e brancos teriam sido contados em favor de Waldeck. Waldir pediu recontagem, que foi negada pelo TRE. Mário Kertész fala mais sobre o polêmico assunto. "Waldir teve uma eleição que fraudaram, foi a eleição pro Senado. Nitidamente, não posso provar, mas nitidamente fraudada. Em muitas urnas ACM que era o grande chefe político da Bahia tem menos votos do que Waldeck e acabou elegendo ele e outro", afirmou.

Em 1998, Waldir mais uma vez candidatou-se à Câmara Federal e foi eleito. Nessa ocasião ele já estava no PT, depois de deixar o PSDB por conta de uma coligação entre este partido e o PFL de ACM. Concorre em 2002 mais uma vez ao Senado e novamente é derrotado por ACM. Logo depois foi convidado pelo presidente Lula a assumir o cargo de ministro-chefe da Controladoria Geral da União. Lá trabalhou com Jorge Hage, que o sucedeu no comando da CGU. "Com ele começamos tudo isso que se fez depois. Dei continuidade ao trabalho que ele iniciou. A figura dele no governo representava uma peça que todos sabiam que teriam que respeitar e que não abria mão dos seus princípios", declarou.

Em 2006, Waldir assume o Ministério da Defesa também a convite de Lula. Já havia sido Ministro da Previdência durante o governo Sarney, em 85. Em 2012, do alto da sua experiência de tantos anos na vida poública e de seus 86 anos, Waldir pires enfrentou mais uma campanha eleitoral e elegeu-se vereador de Salvador. "Eu acho isso uma coisa fantástica. Acho é uma prova de humildade dele e de querer retribuir com a cidade de Salvador que deu muita coisa a ele. É maravilhoso. Um sujeito que já foi isso tudo, não se importar de ir para uma Câmara de Vereadores onde tem gente muito mais jovem, com outros objetivos, funciona de outra forma. É admirável", enfatizou.

No aniversário de 90 anos de Dr. Waldir Pires, é importante celebrar e lembrar o quão importante é sua figura para a história política do Brasil e da Bahia, e é com carinho que seus amigos se referem a ele, como faz o jornalista Emiliano José. "Eu sempre disse, Waldir, para mim é uma honra profunda tê-lo como amigo. Estou e sempre estive envolvido com sua história, sua vida. É um honra muito grande. Agora, trabalhando na biografia me tornei mais próximo ainda da sua história. Compartilhar da sua amizade me enriqueceu demais. Grande abraço e parabéns pra você", disse.

O político Filemon Matos: "A amizade estrapola as fronteiras da política e adquire a convivência mesmo, amigo e família. Tenho uma admiração profunda por Waldir. É um idealista da maior grandeza, que precisa ser observado, analisado e admirado por toda a juventude. Um homem público que merece ser referência também nos dias atuais que vivemos", afirmou.

O também político Jorge Hage: "Eu diria ao grande companheiro Waldir que ele é a referência inigualável que todos nós ainda depositamos a esperança e confiança na viabilidade da restituição democrática", declarou.

E Mário Kertész: "Desejo longa vida, mais longa vida. Que ele continue inspirando sobretudo os jovens com sua palavra. Acho que ele teve e tem uma importância muito grande pra história política da Bahia e do Brasil", finalizou.

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