Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp >>

Quarta-feira, 17 de abril de 2024

Bahia

'Somos chamados a viver a Semana Santa de forma diferente', diz Dom Murilo Krieger

"Quem sabe vamos descobrir valores que não tinham nossa apreciação e nosso foco”, declarou arcebispo

'Somos chamados a viver a Semana Santa de forma diferente', diz Dom Murilo Krieger

Foto: Tácio Moreira/ Metropress

Por: Juliana Almirante no dia 09 de abril de 2020 às 09:19

O arcebispo primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, falou, em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã de hoje (9), sobre as mudanças que os cristãos vivem na celebração da Páscoa neste ano, devido à pandemia do novo coronavírus.

“Para nós, cristãos, as celebrações de quinta-feira a tarde até domingo da Páscoa são as mais importantes do ano, do ponto de vista da fé. Como disse Paulo, se Cristo não tivesse ressuscitado, nossa fé seria inútil.  Esse ano fomos chamados a viver esse dia de forma diferente porque talvez até vai servir para uma coisa. Parecia que era normal celebrarmos todo ano, tudo arrumadinho, tudo bem programado. De repente, tudo isso nos é tirado e temos que viver de casa, acompanhando do rádio e das redes sociais. Somos chamados a viver a Semana Santa de forma diferente. Quem sabe vamos descobrir valores que não tinham nossa apreciação e nosso foco”, declarou.

Ele destacou que é possível desenvolver aprendizados sobre a vida durante o isolamento social causado pela pandemia.

“Tenho certeza que aqueles que aproveitarem as lições desse ano, da graça de 2020, essas limitações impostas pela pandemia, vão sair dessa situação espiritualmente mais fortes, fecundos e com outra visão de vida. Eu tenho notado que aquelas pessoas que estavam internadas e ficaram 10, 15 dias na UTI, quando voltam, vão pensar a vida de forma diferente: ‘Eu renasci’. Vão ver que agora que estão dando valor a vida e que deram valor a tanta bobagem. Acho bonito esses depoimentos, nem sei se tem uma religião ou não, porque mostram que aprenderam valor da fragilidade da vida e que a nossa vida tem que estar fundamentada em coisas muito mais importantes”, disse.

O arcebispo também comentou a negação de algumas pessoas que insistem em duvidar da gravidade da situação que atinge vários países do mundo.

“Penso que parece que há um não querer acreditar naquilo que todos os países estão vivendo e chegaram a determinadas conclusões. E nós estamos pensando que vamos descobrir a roda sozinhos. Ignorando tudo o que foi vivido e experimentado. O pior é que, por trás de propostas, há vidas que podem morrer pela falta de cuidado. Mas parece que temos um jeitinho para dar e que vai solucionar tudo que é problema nosso”, afirmou.