
Bahia
Badaró alerta para manipulação de dados científicos contra pandemia do coronavírus
Infectologista defende medidas de restrição como única forma eficaz para impedir propagação da Covid-19

Foto: Tácio Moreira/Metropress
O médico infectologista Roberto Badaró fez um alerta hoje (13), durante entrevista à Rádio Metrópole, a respeito da manipulação de dados científicos contra as medidas de isolamento social e quarentena contra o coronavírus. Segundo o especialista,informações que não foram comprovadas por outros cientistas estão sendo defendidas por entidades governamentais. Para Badaró, autoridades se apropriam desses dados para criticar o isolamento. "As pessoas estão lendo muita coisa com fórmulas. Toda essa negação do confinamento vem de um trabalho publicado em 24 de abril, que analisou o impacto do lockdown no leste europeu. Não houve diferença. Mas os números podem ser manipulados da forma como querem. Quem analisa esses dados percebe que ele não tem a informação principal que é o número de casos diagnosticados em determinado momento. Ele pega esses casos, analisa e diz que lockdown ou não é a mesma coisa", disse o infectologista.
"Obviamente que o presidente ouve que têm acesso a esses dados, encontra um argumento teoricamente científico e diz que manter o lockdown não tem importância nenhuma. É um trabalho muito perigosos, já há várias cartas de investigadores de que há erro nos números analisados. Números manipulados podem servir para argumentos de autoridades que querem quebrar as medidas, as únicas que nós temos para permitir que a disseminação do vírus não ocorra", acrescentou.
Ainda de acordo com Badaró, as medidas de isolamento demoram de ter eficácia por conta do tempo que leva para a população assimilar as novas regras. De acordo com o médico, os brasileiros não têm o hábito de usar máscaras, coisa que é comum em países asiáticos. "A gente faz conta e parece que o Covid está entre nós há um ano. A sensação de tempo parado é muito grande. É o inverso do que enxergamos na vida normal. O ano começa e, daqui a pouco, você acha que o ano já acabou. Agora o ano está demorando mais do que gostaria. Isso acontece porque temos um tempo maior de observação. Os locais onde a epidemia realmente teve o impacto de lockdown foi de três a quatro meses. Na China, é hábito usar máscara. Aqui tivemos que começar a criar esse hábito. A adesão ainda não é 100%. É compreensível, as pessoas demoram para atender. As pessoas precisam entender que agora é o pico para que a gente obtenha o efeito dessas ações", declarou.
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