
Brasil
Autor de 'República das Milícias' comenta monopólio do crime no Rio de Janeiro
Bruno Paes Manso destrincha avanço do crime organizado no estado e como o tráfico deu lugar à milícia

Foto: Metropress
O jornalista, economista e cientista político Bruno Paes Manso comentou a ascensão do crime organizado no Rio de Janeiro e o fortalecimento cada vez maior do tráfico de drogas ao longo dos anos. Em entrevista a Mário Kertész hoje (22), durante o Jornal da Metrópole no Ar da Rádio Metrópole, ele falou do aprendizado ao escrever o livro "A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil". "O mercado de drogas é muito forte nas cidades. Faz parte da cultura urbana e as pessoas consomem em grande quantidade. Além disso, é um mercado ilegal e, por ser ilegal, gera muitos lucros que demandam uma ação racional e acaba ensinando as pessoas a se tornarem empresários, apesar das adversidades. Não só a partir da estratégia de conseguir administrar um negócio como esse das prisões, mas também da compra de armamentos pesados e do uso da violência dos conflitos", afirmou Bruno.
Com a eleição de Jair Bolsonaro, ele comenta a imagem do Rio de Janeiro em uma análise do desdobramento político do país. "Fomos pegos de surpresa. A gente imaginou que, em 2018, durante a eleição presidencial, iria se ter um debate político entre os atores da Nova República. No primeiro semestre, eu era capaz de apostar que Bolsonaro não iria no segundo turno. Como um outsider, não imaginava que ele teria essa capacidade eleitoral que viria a ter. Ele nos assombra, nos pega de surpresa e é eleito presidente da República com quase 60 milhões de votos. Eu achei que era o momento de aprofundar algo que eu já vinha pesquisando há muito tempo na cena criminal do Rio", avalia.
O escritor, que também é autor do livro "A república das milícias: Dos esquadrões da morte à era Bolsonaro", falou sobre como a milícia surge em maio ao crescimento do poder dos traficantes do Rio. "Da forma como existe no Rio, só existe no Rio. A história do crime no Rio de Janeiro e do tráfico de drogas depende muito do controle armado dos territórios. A venda varejista da droga depende desse controle armado do território que se expandiu ao longo dos anos 90", narra. "As disputas por mercado no Rio de Janeiro aconteciam na cidade por territórios. Disputas armadas que você não conseguia nem se esconder atrás das portas. Isso traumatizou muito a cidade. A milícia surge no Rio de Janeiro como um remédio para a expansão territorial do tráfico de drogas. Eles passam a controlar territórios, principalmente a partir da Zona Oeste, Rio das Pedras, Campo Grande e Santa Cruz, além de cobrar taxa de segurança dos moradores e dos comércios", disse o escritor.
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