Empresários citados na CPI da Covid são investigados por fraude bilionária no INSS

Os empresários Maurício Camisotti e Danilo Trento, que foram alvos da CPI da Covid encerrada em 2021, também são citados no inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga uma fraude bilionária relacionada a descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Camisotti, controlador do Grupo Total Health (THG), é apontado como um dos beneficiários finais do esquema, que teria movimentado mais de R$ 400 milhões. De acordo com a PF, a empresa Benfix, ligada a ele, recebia recursos financeiros de associações investigadas e os repassava de volta a essas entidades, o que indica suspeita de lavagem de dinheiro.

As investigações mostram ainda que Camisotti é sócio oculto da Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), que tem ligação direta com a Benfix. Entre 2019 e 2024, a associação movimentou R$ 178 milhões a partir de contribuições descontadas diretamente da folha de pagamento de beneficiários do INSS. Mais de duas mil reclamações foram registradas contra a entidade.

Camisotti também foi citado em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à CPI da Covid. Segundo o documento, ele transferiu R$ 18 milhões à Precisa Medicamentos, empresa investigada por suspeita de irregularidades na negociação da vacina Covaxin.

Já Danilo Trento foi indiciado pela CPI da Covid como integrante de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações. Segundo o relatório final da comissão, ele atuou para favorecer a Precisa Medicamentos, da qual era diretor institucional, em processos de contratação com o Ministério da Saúde.

No inquérito da PF sobre o INSS, Trento aparece em imagens de câmeras de segurança do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, acompanhado de Virgilio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral da Procuradoria Federal Especializada do INSS, e de Philipe Roters Coutinho, agente da PF.

Philipe foi flagrado com US$ 200 mil em espécie durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão. Ele é investigado por supostamente ter atuado como escolta de Trento e Virgilio, com o objetivo de facilitar a movimentação do dinheiro. O agente foi afastado por decisão judicial.

A PF afirma que Trento atuava junto a Virgilio no esquema e que Philipe prestava apoio logístico ao grupo.