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Treze de Maio: 136 anos após a abolição, Brasil ainda carrega correntes da escravidão

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Treze de Maio: 136 anos após a abolição, Brasil ainda carrega correntes da escravidão

Apesar da assinatura da Lei Áurea em 1888, o Brasil segue enfrentando desigualdades sociais e raciais herdadas do período escravocrata

Treze de Maio: 136 anos após a abolição, Brasil ainda carrega correntes da escravidão

Foto: Arquivo Senado Federal

Por: Duda Matos no dia 13 de maio de 2025 às 18:32

Atualizado: no dia 13 de maio de 2025 às 19:01

No dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil. Essa data se tornou um símbolo de liberdade, mas, na prática, ela está longe de representar a plena emancipação da população negra no país. A assinatura da lei foi o fim de um sistema jurídico, mas não marcou o fim do racismo, da exclusão social e da violência, legados de mais de três séculos de escravidão.

A escravidão no Brasil foi a mais longa e numerosa do continente americano. Cerca de cinco milhões de africanos foram trazidos à força, submetidos a trabalhos forçados, torturas e privados de direitos básicos. Embora o 13 de maio seja uma data histórica, é essencial destacar que essa liberdade não foi um presente da monarquia, mas fruto da luta e resistência de pessoas negras e de aliados da causa abolicionista. A liberdade foi conquistada, e não concedida.

Figuras esquecidas 

A história oficial, por muitas vezes, omite os verdadeiros protagonistas dessa luta. Personalidades como Luiz Gama, advogado autodidata, nascido em Salvador, na Bahia, que libertou centenas de escravizados; Maria Tomásia, fundadora da Sociedade das Cearenses Libertadoras; o engenheiro André Rebouças; a militante Adelina, a charuteira; e o jangadeiro Dragão do Mar, que se recusou a transportar escravizados em Fortaleza, desempenharam papéis fundamentais nesse processo. Eles demonstraram que a abolição foi resultado de resistência e coragem, construída de baixo para cima.

Liberdade para quem? 

No entanto, apesar da assinatura da Lei Áurea, o Estado brasileiro não ofereceu nenhuma forma de reparação ou apoio aos ex-escravizados. Esses indivíduos foram libertos sem terra, sem moradia, sem acesso à educação ou emprego. Em contraste, os antigos senhores de escravos receberam indenizações pela perda da “mão de obra”. A estrutura social desigual do país permaneceu, e essa herança se reflete ainda hoje em indicadores de pobreza, desemprego, violência e exclusão que atingem, especialmente, a população negra.

Desigualdade persiste 

Mais de um século após a abolição, os impactos dessa liberdade incompleta continuam presentes. O mercado de trabalho ainda apresenta uma grande informalidade entre negros, o acesso à moradia digna é limitado, e os índices de violência policial continuam alarmantes. A abolição pode ter assinado um papel, mas não rasgou a estrutura racista, moldada ao longo de séculos.

Por isso, o 13 de maio não deve ser lembrado apenas como uma data de celebração, mas também como um momento de reflexão crítica. Não como um marco de missão cumprida, mas como o início de um processo que ainda precisa ser completado. A data deve servir para reafirmar o compromisso com a justiça social, a reparação histórica e o combate ao racismo estrutural. Afinal, a verdadeira liberdade vai muito além do fim das correntes.

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