
Brasil
INSS: Falha no sistema manteve cobranças indevidas a aposentados, diz PF
Polícia Federal e CGU apontam ausência de controle em descontos associativos e prejuízo bilionário a beneficiários

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não bloqueou automaticamente descontos em benefícios concedidos antes de setembro de 2021, mesmo após reclamações de beneficiários, permitindo a continuidade de débitos indevidos. A informação consta em relatório da Polícia Federal (PF), com base em auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), que deu origem à operação Sem Desconto.
Segundo o documento, “o elevado percentual de beneficiários que informam não ter autorizado o desconto decorre da fragilidade dos controles implementados no âmbito do processo de desconto de mensalidade associativa”.
A CGU apontou causas como o “não bloqueio automático para consignações dos benefícios concedidos antes de setembro de 2021”, a falta de validação das documentações exigidas e a ausência de fiscalização e auditorias adequadas. Também citou como crítica “a reduzida equipe técnica para atuar neste processo” e a fragilidade nos Acordos de Cooperação Técnica (ACT).
Mesmo com um crescimento acentuado de pedidos de cancelamento — que chegaram a 192 mil em abril de 2024 —, a CGU afirma que o INSS “limitou-se a suspender novas adesões de algumas entidades e por um curto período”.
Para a PF, “o INSS não implementou controles suficientes para mitigar os riscos de descontos indevidos e seguiu assinando ACT, com o crescimento significativo dos descontos a partir de julho de 2023”.
A operação Sem Desconto investiga um esquema de descontos associativos não autorizados que somaram R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Até agora, seis servidores foram afastados, seis prisões temporárias decretadas e mais de 200 mandados de busca e apreensão cumpridos no Distrito Federal e em 13 estados. Também houve sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão.
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