
Brasil
Carla Zambelli completa um mês foragida e segue na mira da Interpol e do STF
Deputada está nos EUA e pretende seguir para a Europa, onde tem cidadania italiana e não pode ser extraditada

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) completa, nesta sexta-feira (4), um mês foragida, após ter a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi tomada no início de junho, após a parlamentar anunciar que havia deixado o país.
No mesmo dia, Moraes determinou que a Polícia Federal solicitasse a inclusão de Zambelli na lista de Difusão Vermelha da Interpol — mecanismo que permite buscas em 196 países. O nome da deputada foi oficialmente incluído no sistema internacional de procurados em 5 de junho, às 12h45.
Zambelli foi condenada pelo STF a 10 anos de prisão e à perda do mandato, por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao lado do hacker Walter Delgatti.
Saída do Brasil
Ao anunciar sua saída, a deputada alegou que viajou para o exterior a fim de continuar um tratamento médico. Ela afirmou também que iria solicitar licença do mandato para permanecer fora do Brasil.
Mesmo após ter o passaporte apreendido em 2023, o documento foi posteriormente devolvido. Atualmente, Zambelli está nos Estados Unidos, mas planeja seguir para a Europa, com destino provável à Itália — país onde tem cidadania, o que a protegeria de uma eventual extradição.
"Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui, e agora vou pedir para que eu possa me afastar do cargo", disse em vídeo publicado nas redes.
Apesar do mandado de prisão, Zambelli nega estar foragida. Procurada pela imprensa, ela disse que sua saída do Brasil foi um ato de “resistência” e desafiou o Supremo Tribunal Federal.
"Eu tenho um passaporte italiano. Pode colocar Interpol atrás de mim, eles não me tiram da Itália", declarou à CNN. "Sou cidadã italiana e lá sou intocável, a não ser que a Justiça italiana me prenda. E aí não vai ser o Alexandre de Moraes, vai ser a Justiça italiana. Estou pagando para ver um dia desses".
Processo na Câmara
Paralelamente, corre na Câmara dos Deputados o processo para a perda do mandato de Zambelli. Em junho, ela foi notificada oficialmente e, nesta quarta-feira (2), sua defesa apresentou resposta ao processo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O documento protocolado pede, entre outras medidas, uma acareação entre a deputada e o hacker Walter Delgatti. Após a análise da CCJ, a cassação precisa ser aprovada por maioria simples no plenário, por ao menos 257 dos 513 deputados.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.