Governo Lula prevê novas sanções dos EUA caso Bolsonaro seja condenado no STF

O governo Lula avalia que uma eventual condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) pode levar a uma nova leva de sanções por parte dos Estados Unidos. A Primeira Turma do STF começa a julgar, na próxima terça-feira (2), os acusados de integrar o núcleo central da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Bolsonaro como “principal articulador, maior beneficiário e autor” das ações para tentar se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. O caso tem sido citado pelo presidente americano, Donald Trump, que relacionou o julgamento às tarifas de 50% sobre importações brasileiras, em vigor desde 6 de agosto.

Segundo fontes do governo, Trump tem exigido o encerramento dos processos contra Bolsonaro e a relação com os EUA entrou em uma “fase crítica”. Uma eventual condenação poderia resultar em novas medidas econômicas, inclusive contra ministros do STF.

Apesar disso, o Palácio do Planalto afirma que o processo de abertura da chamada Lei de Reciprocidade, que prevê retaliações comerciais, já estava programado e não tem relação direta com o julgamento. A expectativa do governo é que o gesto abra espaço para negociações, embora Washington tenha evitado conversas sobre o tema.

Auxiliares de Lula descartam, por ora, sobretaxas a produtos americanos para não prejudicar o setor produtivo. Entre as possíveis respostas políticas em discussão estão medidas envolvendo propriedade intelectual — como quebra de patentes de medicamentos — e a tributação de serviços digitais, como aplicativos de streaming.