
Brasil
COP30 ocorre sem delegação de alto escalão dos EUA e com retração de empresas americanas
Pela primeira vez em 15 anos, altos funcionários e grandes executivos dos Estados Unidos não participam da cúpula do clima da ONU

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Pela primeira vez em 15 anos, os principais representantes do governo dos Estados Unidos estão ausentes da cúpula anual do clima das Nações Unidas, e muitos executivos corporativos americanos seguiram o mesmo caminho. Poucos líderes empresariais repetiram o discurso do presidente Donald Trump, que chama as mudanças climáticas de “farsa”, mas a maioria sinaliza que o tema já não merece a mesma atenção de anos anteriores. O resultado é a ausência marcante de CEOs americanos na COP30, que ocorre esta semana em Belém, no Pará.
Nos últimos anos, líderes das maiores corporações americanas prometeram reduzir a poluição, financiar a transição energética e pressionar pela aprovação de leis ambientais. Neste ano, porém, nenhum CEO de destaque compareceu à conferência.
“Obviamente, isso tem a ver com o clima político nos Estados Unidos”, afirmou Sonia Dunlop, diretora-executiva do Global Solar Council, entidade do setor de energia solar.
Em encontros anteriores, figuras como Tim Cook (Apple), Darren Woods (Exxon) e Brian Moynihan (Bank of America) marcaram presença.
Um exemplo é o de Darren Woods, que participou de um evento em São Paulo organizado pela Câmara de Comércio dos EUA, mas deixou de comparecer à COP30. “Nosso desafio não é acabar com o petróleo e o gás, mas sim eliminar as emissões associadas à sua queima”, declarou o executivo durante o encontro.
Desde o início de seu novo mandato, o presidente tem desmontado políticas ambientais, retirou novamente os EUA do Acordo de Paris e declarou uma “emergência energética” para justificar a expansão de projetos de combustíveis fósseis.
Granes empresas de tecnologia, como Google e Microsoft, admitiram que não conseguirão cumprir suas metas climáticas devido ao aumento do consumo energético de data centers de inteligência artificial. Vários bancos e instituições financeiras, por sua vez, já abandonaram alianças setoriais voltadas à redução de emissões.
“Pode não valer a pena para um CEO vir à COP apenas para repetir o que sua empresa já está fazendo”, disse Dan Carol, diretor sênior de finanças climáticas do Milken Institute.
Em lugar dos principais executivos, empresas como Google, Microsoft, Amazon e Mastercard enviaram diretores de sustentabilidade a Belém. Outros preferiram participar de eventos paralelos em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Segundo Carol, o interesse em projetos de redução de emissões permanece, mas os tipos de investimento estão mudando, à medida que a influência da Casa Branca redefine o tom das conversas sobre o clima, inclusive no Brasil.
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