A COP30, encerrada no sábado (22) em Belém, marcou a primeira inclusão explícita de afrodescendentes em documentos oficiais da conferência. O termo aparece em quatro textos aprovados — Transição Justa, Plano de Ação de Gênero, Objetivo Global de Adaptação e o Mutirão — todos publicados pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
As diretrizes destacam a importância de garantir participação ampla de grupos historicamente vulnerabilizados, incluindo pessoas de ascendência africana, e reforçam que políticas climáticas devem respeitar direitos humanos, justiça social e equidade.
O reconhecimento acontece dias após o feriado da Consciência Negra e foi celebrado pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que afirmou que “as populações afrodescendentes são as mais afetadas pelas mudanças climáticas”.
Ela pondera, porém, que o avanço precisa se traduzir em ações concretas que considerem a realidade das periferias e territórios impactados pelo racismo ambiental. Organizações como o Geledés Instituto da Mulher Negra também comemoraram o resultado e destacaram que afrodescendentes são “protagonistas de soluções, saberes e práticas de resiliência”, defendendo que a inclusão abre caminho para políticas climáticas mais justas.
A pressão de movimentos da sociedade civil foi determinante para a novidade, que dá continuidade ao debate iniciado na COP16, na Colômbia, quando povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais tiveram participação reconhecida. Para entidades, a mudança não é simbólica: ela cria base para cobrar medidas de adaptação que priorizem quem mais sofre os efeitos da crise climática e requer acesso urgente a recursos e ações institucionais.



