
Brasil
Rio recebe a 1ª Cúpula Popular do Brics com foco na participação social e no Sul Global
Encontro reúne movimentos sociais, especialistas e representantes do bloco para debater cooperação, multipolaridade e desafios da governança global

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A 1ª Cúpula Popular do Brics começou nesta segunda-feira (1º) no Armazém da Utopia, no centro do Rio de Janeiro. O evento, criado para aproximar movimentos sociais do bloco, hoje formado por 11 países emergentes, pretende ampliar a participação da sociedade civil na construção de propostas voltadas à cooperação do Sul Global.
Ao longo do encontro, serão discutidos temas como multilateralismo, cooperação econômica, fortalecimento da multipolaridade, reconfiguração da geopolítica internacional, desafios da governança global, o papel estratégico do Brics e alternativas para reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais e na formação de reservas dos países emergentes.
Criado na Cúpula de Kazan, na Rússia, em 2024, o Conselho Civil Popular do Brics busca estabelecer um canal permanente de diálogo entre sociedade civil e governos do bloco. Segundo a organização, o órgão representa um avanço na consolidação da participação de movimentos populares, estudantes, acadêmicos e organizações não governamentais nas pautas estratégicas do grupo.
Este é o último grande evento do Brics sob presidência brasileira, antes de a Índia assumir o comando do bloco no próximo ano.
Em mensagem exibida na abertura, a ex-presidenta Dilma Rousseff, hoje presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, afirmou que a cúpula marca a entrada definitiva da sociedade civil organizada na construção da cooperação do Sul Global. “Pela primeira vez, os povos dos países do Brics dispõem de um canal permanente de diálogo com os governos e as instâncias decisórias do agrupamento”, afirmou.
João Pedro Stedile, dirigente nacional do MST e integrante do Conselho Civil dos Brics no Brasil, destacou que o encontro vai formalizar o funcionamento permanente do conselho, preparando sua atuação para o próximo mandato, que será liderado pela Índia. Ele ressaltou que muitos desafios, como preservação ambiental e moradia popular, só avançam com participação direta da sociedade civil.
Os organizadores lembram que os países do Brics lideram a produção mundial de grãos, carnes, fertilizantes e fibras, respondendo por cerca de 70% da produção agrícola global. Além disso, concentram mais da metade da agricultura familiar do planeta, responsável por cerca de 80% do valor global de alimentos. Por isso, defendem que o bloco tem papel estratégico na construção de sistemas alimentares mais sustentáveis e justos, tema que também integra as discussões da cúpula.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.

