
Brasil
José Geraldo Sousa discute como a imposição linguística influencia nossa forma de pensar
Jurista e professor concedeu entrevista ao Jornal da Bahia no Ar nesta sexta-feira (4)

Foto: Metropress
O jurista e professor José Geraldo de Sousa endossa a reflexão de Roland Barthes de que a língua exerce um caráter fascista sobre os falantes. Em entrevista ao Jornal da Bahia no Ar, nesta sexta-feira (4), ele explicou que essa imposição linguística tem efeitos profundos sobre a maneira como pensamos e nos expressamos.
"Roland Barthes, em uma aula inaugural do curso de semiótica afirmau: 'Atenção, a língua é fascista', ele afirma que isso não decorre do fato de ela nos impedir de falar ou nos censurar, mas sim do fato de que ela nos obriga a expressar certas coisas de um modo específico. Uma das primeiras condições para a emancipação, portanto, é rebelar-se contra a redução semântica de nossa condição existencial.", afirmou.
Para Sousa, exemplos dessa opressão linguística podem ser encontrados em dicionários e códigos legais. "Se consultarmos um dicionário, como o Aurélio, que se tornou quase sinônimo de referência lexical, encontraremos exemplos claros disso. Por exemplo, ao procurar o verbete “honestidade”, ele é definido de forma categórica, segundo o gênero. No masculino, honestidade é associada à probidade, à ação de não cometer impropriedade, à capacidade de cuidar das coisas, gerir recursos econômicos e dispor dos bens. No feminino, é tratada como virtude: mulher honesta é virtuosa, casta, dedicada ao lar", explicou.
De acordo com ele, mudanças sociais, como a atuação das feministas, ajudaram a contestar essas normas linguísticas e jurídicas, evidenciando que a linguagem não é neutra, mas carregada de ideologia.
Confira a entrevista completa:
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