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Sócios de frigorífico discutem como vender presunto podre "sem cheiro de azedo"

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Sócios de frigorífico discutem como vender presunto podre "sem cheiro de azedo"

Uma das maiores operações da Polícia Federal foi deflagrada nesta sexta-feira (17) e revelou práticas obscuras de grandes frigoríficos do Brasil. Intitulada "Carne Fraca", a ação investiga o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária, Abastecimento (Mapa) em esquemas para liberação de licenças e fiscalização irregular de empresas do setor. [Leia mais...]

Sócios de frigorífico discutem como vender presunto podre "sem cheiro de azedo"

Foto: Reprodução/Google Street View

Por: Gabriel Nascimento no dia 17 de março de 2017 às 12:19

Uma das maiores operações da Polícia Federal foi deflagrada nesta sexta-feira (17) e revelou práticas obscuras de grandes frigoríficos do Brasil. Intitulada "Carne Fraca", a ação investiga o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária, Abastecimento (Mapa) em esquemas para liberação de licenças e fiscalização irregular de empresas do setor. JBS, BRF e Seara estão no centro da operação.

Empresas menores como a Peccin, do Paraná, também são citadas. Uma conversa interceptada pela PF, por exemplo, traz o diálogo de proprietários do frigorífico e uma mulher, que discutem sobre a utilização de carne de cabeça de porco em linguiças, proibida pela legislação. Em outro "bate-papo", sócios buscam reaproveitar um presunto podre "que não tem cheiro de azedo" e também a adição de ácido sórbico a amostras de carne para evitar reprovações durante análises. O conteúdo foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo.

Veja:

- Conversa entre os irmãos Normélio Peccin e Idair Piccin, sócios do frigorífico Peccin:
Normelio - Tu viu aquele presunto que subiu ali ou não chegou a ver?
Idair - Ah, eu não vi; Cheguei lá, mas o Ney falou que tá mais ou menos. Não tá tão ruim.
Normelio - Não, não tá. Fizemos um processo, até agora eu não entendo, cara, o que é que deu naquilo ali. Pra usar ele, pode usar sossegado, não tem cheiro de azedo, nada, nada, nada.
- Conversa entre Idair Piccin e a mulher, Nair Piccin, sua mulher:
Idair - Você ligou?
Nair - Eu, sim eu liguei. Sabe aquele de cima lá, de Xanxerê?
Idair - É.
Nair - Ele quer te mandar 2.000 quilos de carne de cabeça. Conhece carne de cabeça?
Idair - É de cabeça de porco, sei o que que é. E daí?
Nair - Ele vendia a 5, mas daí ele deixa a 4,80 para você conhecer, para fechar carga
Idair - Tá bom, mas vamos usar no que?
Nair - Não sei
Idair - Aí que vem a pergunta né? 'Vamo' usar na calabresa, mas aí, é massa fina é? A calabresa já está saturada de massa fina. É pura massa fina
Nair - Tá
Idair - Vamos botar no que?
Nair - Não vamos pegar então?
Idair - Ah, manda vir 2.000 quilos e botamos na linguiça ali, frescal, moída fina
Nair - Na linguiça?
Idair - Mas é proibido usar carne de cabeça na linguiça
Nair - Tá, seria só 2.000 quilos para fechar a carga. Depois da outra vez dá para pegar um pouco de toucinho, mas por enquanto ainda tem toucinho [incompreensível].