Segunda-feira, 30 de junho de 2025

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Notícias

/

Brasil

/

Pais super protetores: qual o meio termo entre o cuidado e o excesso de zelo?

Brasil

Pais super protetores: qual o meio termo entre o cuidado e o excesso de zelo?

Antes de nos determos nas características dos pais super protetores e nas repercussões desse comportamento na vida dos seus filhos, cabe a nós fazer uma reflexão acerca de outra questão precedente a esta: o significado da palavra “super” na nossa sociedade. [Confira o artigo completo de Maiara Liberato...]

Pais super protetores: qual o meio termo entre o cuidado e o excesso de zelo?

Foto: Reprodução/GettyImages

Por: Matheus Simoni no dia 20 de agosto de 2015 às 18:00

*por Maiara Liberato

Antes de nos determos nas características dos pais super protetores e nas repercussões desse comportamento na vida dos seus filhos, cabe a nós fazer uma reflexão acerca de outra questão precedente a esta: o significado da palavra “super” na nossa sociedade. Como bem provocou Hélio de Castro, médico psiquiatra e psicanalista, que imperativo é esse de ter que encarnar um ideal que vai além da nossa possibilidade?

O problema não é ser protetor, mas sim se exceder em relação a isso e às coisas em geral. Um ponto importante a se refletir é que a tônica do contexto atual é exatamente esse “super”, esse exagero em relação à vida e ao viver. E no caso das relações, pode ficar uma mensagem subliminar no inconsciente coletivo, como algo do tipo: seja um “super” pai ou uma “super” mãe, o que é impossível.

 

Medo deriva de insegurança interna e não de violência

É inegável que o aumento da violência, nos dias atuais, deixa a todos mais atentos e alertas, sobretudo os pais. A forma explícita como diversas situações de perigo são expostas e na mídia beira o grotesco e causa medo, mas jamais deve ser justificativa para aprisionar pessoas. Freud já dizia que trocamos uma parcela da liberdade pela segurança.

Todos têm questões internas a elaborar e trabalhar. A violência no mundo não é a causa dos medos e inseguranças de ninguém. Essas são questões individuais, resultantes da história de vida de cada sujeito e da estruturação que cada ser teve na infância. É importante observar cuidadosamente esse tipo de comportamento, para que os pais não façam disso uma fonte de angústia e prisão para si e para os filhos.

 

Prepare seus filhos para a vida

Criança precisa de amor, cuidado, orientação e limite. Quando novinhas são frágeis e, muitas vezes, os pais ficam receosos de faltar-lhes com a devida atenção, fantasiando que algo de ruim possa lhes acontecer, por descuido. Mas, não dá para ficar acordado e atento as 24 horas do dia.

Se fosse possível, todo pai e toda mãe ficariam doentes no lugar dos rebentos, ainda mais se tiverem um filho único. Mas, como prepará-los para lidar com os desafios e intempéries da vida, se não lhes for dada a oportunidade de lutar? As competências e habilidades de que necessitam são desenvolvidas no dia a dia, ao interagir com todo tipo de gente e não dentro de uma redoma, nos limites do playground.

A infância é, por si só, uma fase onde impera a curiosidade. Neste momento de descobertas, é importante que os pais estimulem a sua prole em direção a esse impulso natural em conhecer o novo, em querer experimentar situações diferentes e ter outros enfrentamentos. Essa atitude parental vai auxiliar na formação de uma estrutura interna saudável e equilibrada, pois foi dada ao outro a chance para desenvolver a sua inteligência, sagacidade e perspicácia.

Controle constante em cima dos filhos gera neles insegurança, numa fase crucial, que é o início do seu desenvolvimento. É o mesmo que lhes cortar as asas para que não possam ou não queiram voar... sem você.

 

Características de filhos super protegidos

Criança sem incentivo parental para avançar fica dependente, insegura e cheia de vontades. Não basta dizer ao seu filho “vá”, se, na prática, ele não sentir firmeza na sua voz. É como se lhe faltasse permissão para prosseguir.

Muitos pais desejam prolongar a infância dos filhos, num desejo inconsciente de que não cresçam, para ficarem sempre por perto e dependentes. Há filhos que também se recusam a crescer e jogam com isso, a depender da situação. Mas uma coisa é fato: dependência não é boa para ninguém.

Torne seu filho capaz: de viver, de arriscar, de lutar. Dê-lhe autonomia, mesmo que doa na alma.  Pois, a carência dos genitores não deve ser um legado transmitido aos descendentes, pois trará insegurança emocional. É difícil, mas possível e necessário criar os filhos para o mundo, para que sejam mais bem preparados que você. Como bem disse o publicitário e pai Maurício Magalhães, ame de forma incondicional e ensine o sim e o não, dê valores corretos para que saibam o certo e o errado, e propicie conhecimento e estudo para que eles aprendam a decidir por si.

E concluo, utilizando-me das palavras de Hélio de Castro, que com clareza disse: “ser pai é suportar as surpresas, não desejar o impossível e não temer ou brigar com o inevitável”. Ideal não existe. A função do pai é ajudar o filho a ir para o mund