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Rubro-negro se veste de Bahia para última homenagem ao ‘paidrasto’, vítima da Covid-19
Advogado foi até a porta da Arena Fonte Nova com dois amigos do padrasto e fez uma oração de despedida

Foto: Álbum de família
O que faria você vestir a camisa do maior rival de seu time do coração? O rubro-negro fanático Tácio Oliveira da Silva, 30 anos, se cobriu com o manto tricolor para render uma última homenagem ao “paidrasto” tricolor Washington Luiz Santana Novais, 51 anos, que se foi vítima da Covid-19 no último dia 23, após 29 dias lutando pela vida.
Como outros milhares de brasileiros que perderam parentes para a Covid-19, Tácio não teve oportunidade de se despedir de forma digna. Então, ele resolveu ir até o local onde Washington se sentia em casa, onde fez muitos amigos, viveu muitos momentos felizes e outros nem tanto. Tácio vestiu a camisa do Bahia, cantou o hino do Esquadrão e fez uma oração para o padrasto na porta da Arena Fonte Nova. O ato foi gravado e você pode conferir ao final desta matéria.
“Ele me ensinou a essência do que é ser torcedor. Em 2010, cheguei em casa chorando depois de o Vitória perder a final da Copa do Brasil. Ele me abraçou e mandou eu continuar torcendo pelo meu time, porque a gente não pode ser torcedor apenas quando o clube está vencendo”, recorda-se o advogado Tácio. “Ele poderia ter me sacaneado naquele momento, mas me ensinou uma grande lição”, completa.
Tácio, a mãe e a irmã são torcedores do Vitória. Washington era o único tricolor em casa. O advogado já pensou em torcer para o Bahia para passar mais tempo com o padrasto, mas a influência da mãe foi mais forte. “Ele me ensinou a torcer, independente do resultado, mesmo eu estando do outro lado. Eu até me questionei se eu deveria ser Bahia para ficar mais tempo com ele, mas eu acho que foi bonita a relação da forma que foi”, relatou o advogado.
A homenagem ocorreu no último sábado (29), antes de o Bahia estrear com um triunfo por 3 a 0 sobre o Santos, no Estádio de Pituaçu. Tácio conta que a ideia era fazer o ato dentro da Fonte Nova, no setor norte intermediário, onde Washington assistia a todos os jogos do Bahia. Como o estádio está abrigando o hospital de campanha da Covid-19, o acesso não foi permitido.
A demonstração de amor, tolerância e esportividade realizou-se na porta da Fonte Nova. Marcelo e Yuri Brito, pai e filho respectivamente, eram amigos de Washington e torcedores do Bahia. Eles acompanharam Tácio e rezaram juntos pela alma do tricolor fanático.
O advogado disse ainda ter recebido apoio de outros amigos rubro-negros fanáticos. Ele não teve medo, em momento nenhum, de sofrer gozação por vestir a camisa do maior rival. “Eu acho que era o mínimo que eu poderia fazer por ele. A gente não pôde abrir o caixão, não teve velório, nem missa. Uma despedida abrupta, muito forte e cruel”, lembra.
“Fizemos um belo Ba-vi eu e ele. Obrigado por tudo. Tentar seguir da melhor forma agora e pedir a Deus que abrace esse tricolor lá em cima”, disse Tácio no vídeo gravado da homenagem, antes de iniciar a oração.
Confira o vídeo:
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