Por burocracia no SUS, homem trans faz vaquinha para arrecadar R$ 30 mil e retirar seios

Um homem trans de 51 anos, natural da cidade de Jacobina, busca arrecadar R$ 30 mil para fazer uma mastectomia masculinizadora. A cirurgia visa a retirada dos seios e a construção de um tórax masculino. O professor Adriano Ribeiro conta que começou a transição no final de 2017, aos 47 anos. Antes disso, ele viveu por 14 anos como uma mulher lésbica.

"Eu já andava cortando o cabelo bem curtinho, masculino. Amigas minhas que são espíritas dizem que, desde que eu fui concebido, eu sou assim, e que eu tenho que cumprir essa missão até o fim. Tanto que eu tenho uma passabilidade muito grande, nunca sofri bullying. Meu maior sonho e desejo é esta mastectomia", disse ao Metro1.

Segundo Adriano, a retirada dos seios é fundamental para que ele se reconheça como o homem que é. Ele relata ter disforia de gênero, definida como um sentimento forte e persistente de que o sexo anatômico da pessoa não corresponde ao seu sentimento interno. "Olho no espelho e não me vejo como Adriano ainda, porque falta tirar os 'intrusos', como os homens trans costumam se referir aos seios. Com eles você ainda não tem 100% de liberdade de ir à praia, à piscina", explica.

Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereça suporte ao chamado processo transexualizador, Adriano reclama da burocracia para ter acesso gratuito ao procedimento. Nem mesmo os planos de saúde são uma opção, de acordo com ele. "Se for pelo SUS, eu morro e não faço, resumindo, porque tem muitos na minha frente. Nunca vi nenhum caso que tenha sido feito pelo SUS. E nem plano de saúde cobre, porque eles veem como estética. Não sabem o que é a disforia", lamenta.

Pessoas trans são aquelas que não se identificam com o gênero que lhes foi designado em seu nascimento, com base em seus órgãos genitais. Um homem trans nasceu com o sexo biológico feminino, mas tem a identidade de gênero masculina. A vaquinha para a mastectomia de Adriano pode ser acessada clicando aqui.