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Vitória Régia convoca Comissão dos Direitos Humanos dois meses após afastar professora
Colégio ignora, contudo, notificação para tratar questões trabalhistas, diz sindicato

Foto: Reprodução
Quase dois meses depois de afastar uma professora pela abordagem de um livro com temática racial, o Colégio Vitória Régia convidou a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara para uma reunião. O encontro acontece no fim da manhã desta sexta-feira (10), na instituição privada, localizada no bairro do Cabula, em Salvador.
A informação foi confirmada à reportagem pela assessoria da vereadora Marta Rodrigues (PT), presidente do colegiado, que participa do encontro. Procurado, o Vitória Régia não retornou o contato.
Em contato com o Metro1, o presidente do Sindicato dos Professores (Sinpro), Allysson Mustafá conta que voltou a notificar a escola sobre o caso da educadora, na última segunda-feira (6), mas, mais uma vez, não obteve respostas.
"Gostaria de tratar das questões trabalhistas da professora, sugeri uma reunião na próxima segunda-feira, 13, mas até agora nada". É a terceira vez que o sindicato notifica o Vitória Régia. “Responderam uma única vez, com uma nota pública que não respondia a praticamente nada”.
Segundo ele, desde que a história tornou-se pública, há quase um mês, não houve grandes mudanças, já que a educadora continua afastada da turma - cujos pais dos estudantes exigiram da escola a suspensão da coletânea Olhos D'água', da premiada escritora mineira Conceição Evaristo, que conquistou o prêmio Jabuti com a obra.
À época em que o caso foi divulgado pelo Jornal da Metropole, a instituição afirmou que a professora, “levou o assunto em questão ao seu perfil particular no Instagram, no qual levantou a acusação de racismo e de estar sendo silenciada pela instituição, o que jamais ocorreu”. O trecho da nota chegou em Ana* por meio do grupo dos professores, onde o posicionamento da escola também foi disponibilizado.
O que causou estranheza, nas palavras da educadora. “Fiquei surpresa, e muito triste, com o conteúdo. Em 29 de setembro, durante a reunião, foi dito que os pais pediram o meu afastamento. A princípio, disseram que era uma família, depois duas, em seguida seis e, por fim, oito famílias”, lembra.
De forma direta, afirmou Ana, os membros do departamento de humanas ouviram que “todos os trabalhos com o livro estavam concluídos e que, a partir dali, a orientação era a de que outras atividades fossem feitas com os estudantes incomodados. E que o livro não mais fosse citado”.
*Para preservar a identidade da professora, utilizamos um nome fictício
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