Povo de santo promove manifestação nas dunas do Abaeté para frear obras da Prefeitura

Os terreiros Axé Abasá de Ogum e Ilê Ase Maa Ase Ni Ode em conjunto com o Instituto da Mulher Negra (Odara) irão realizar, na próxima sexta-feira (19), um ato em defesa do Parque Ancestral do Abaeté, em Salvador. A manifestação acontecerá às 9h, com concentração nas Dunas do Abaeté.

A organização critica a prefeitura por não estabelecer diálogo com a comunidade local e pela inexistência da apresentação de um relatório de impactos ambientais que podem ser gerados com as obras. Existe ainda a preocupação com a possibilidade de violação de locais que são considerados sagrados para as religiões de matriz africana, o que o povo de santo caracteriza como "racismo religioso".

"A obra já está sendo executada, isso atinge diretamente o meio ambiente. Está muito complicado para nós, de religião africana, porque além do racismo religioso, tem agora o ambiental. Isso vai macular toda a estrutura, vai trazer um impacto ambiental grave. Então estamos [o povo de santo] muito tristes, e eu ainda mais: sou moradora da localidade há mais de 40 anos. Sou filha de de Oxum e a Lagoa do Abaeté guarda muito segredos", lamenta Yálorixa Jaciara de Oxum.

A mãe de santo reforça a importância da presença no ato de todos que apoiam a preservação do espaço, já que a situação não atinge apenas os devotos do Candomblé. "É por todo espaço que guarda nascente, que tenha mato... nao é só pelo povo de santo, é para a humanidade ter direito à vida", conclui.