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Ifood é acusado de fraudar documento para não pagar entregador baleado em Salvador

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Ifood é acusado de fraudar documento para não pagar entregador baleado em Salvador

Empresa inseriu em processo planilha que indica cancelamento da entrega; aplicativo do próprio iFood aponta o contrário

Ifood é acusado de fraudar documento para não pagar entregador baleado em Salvador

Foto: Divulgação

Por: Adele Robichez no dia 08 de agosto de 2022 às 09:39

*Matéria atualizada às 13h20 de quarta-feira (10)

O iFood teria adulterado um documento do processo de Yuri de Jesus Monteiro, 24, entregador que teria sido baleado enquanto trabalhava com a empresa, em Salvador. É o que denuncia Vitor Filgueiras, professor de Economia na Ufba e coordenador do projeto Caminhos do Trabalho.

De acordo com Filgueiras, a empresa recusa-se a ter obrigações trabalhistas com o entregador. Para tentar driblar a Justiça, que não só reconheceu o vínculo de trabalho como já determinou que a empresa deve pagar o valor de um salário para Yuri até que ele consiga o auxílio-acidente, uma nova planilha foi inserida no processo.

A planilha aponta que a entrega prevista para acontecer no momento em que o entregador foi baleado havia sido cancelada. “A última entrega se deu às 19h48 e o Reclamante só veio a ser vitimado às 22h36, ao que tudo indica este não faria jus ao pagamento do prêmio da seguradora”, argumentou a o iFood, no processo.

O próprio aplicativo da empresa, porém, mostra o contrário. A plataforma confirma que a entrega foi realizada e marcada como entregue às 20h26, minutos antes de Yuri ser atingido.

Em vídeo divulgado nesta segunda-feira (8), Filgueiras mostra a planilha usada pelo iFood para tentar indicar, na contestação da última determinação feita pela Justiça, que Yuri não estava trabalhando no momento em que foi atingido pelo tiro.

A última decisão antecipou a tutela, o que significa que o iFood tem que pagar o valor determinado a Yuri enquanto o processo corre. A empresa recorreu da antecipação e perdeu no tribunal. Ainda no âmbito da ação, a empresa apresentou a contestação -- na qual o documento foi inserido.

“A nossa equipe tem que se manifestar e, na análise, descobriu essas pérolas. É muito surpreendente porque os documentos estão nos processos. O [documento] que fala do horário, tanto do acidente quanto da entrega, é da própria empresa. Então é uma coisa tosca. Ou criaram ou adulteraram essa planilha para dizer que ele não estava trabalhando”, declarou Filgueiras ao Metro1.

O documento foi analisado pelo projeto Caminhos do Trabalho, coordenado por Filgueiras. Uma parceria da UFBA com o Ministério Público do Trabalho da Bahia (MP-BA), ele auxilia gratuitamente trabalhadores para dar atendimento médico e assessoria jurídica.

 

Veja o vídeo:

 

 

Procurada, a assessoria do iFood negou que a empresa agiu de má-fé contra o entregador, afirmando que os dados apresentados no processo não foram alterados. Em nota, ela também destacou que "está cumprindo com as determinações liminares dadas antes do julgamento".

 

Confira a nota do iFood na íntegra:

 

O iFood é reconhecido na Justiça do Trabalho por sempre cumprir com as determinações e colaborar em todos os processos em que é parte. Neste caso especificamente, o iFood esclarece que não agiu em momento algum de má-fé contra o entregador para alterar os dados apresentados no processo. A empresa destaca que o processo ainda está em fase inicial e que a alegação não foi sequer analisada pelo Juiz, mas que está cumprindo com as determinações liminares dadas antes do julgamento.

Ainda, o iFood esclarece que para casos envolvendo acidentes de entregadores há um seguro contratado e cabe à empresa seguradora fazer a análise do sinistro para pagamento ou não do prêmio em cada situação