
Cidade
Sem autorização da prefeitura, quebra-molas "brotam" em Salvador e dividem opiniões sobre segurança
Por um lado Transalvador argumenta aumento de proteção no trânsito; por outro, moradores reclamam de insegurança

Foto: Secom/ Jefferson Peixoto
Apenas em três quilômetros da Avenida Thomaz Gonzaga, principal via do bairro Pernambués, em Salvador, se contam cerca de dez quebra-molas. Quem trafega por toda a extensão dos 20 quilômetros da Avenida Aliomar Baleeiro, a antiga Estrada Velha do Aeroporto, passa por 50 lombadas. Moradores das áreas e rodoviários metropolitanos acham a quantidade exagerada. A Superintendência de Trânsito (Transalvador) da cidade, no entanto, garante que não é.
De 2020 para cá, a autarquia vem readequando algumas das principais vias de Salvador e implantando nelas redutores de velocidade - nome técnico dos quebra-molas ou lombadas. Nas avenidas Joana Angélica e Milton Santos, por exemplo, a quantidade de vítimas de acidentes de trânsito caiu, respectivamente, em 71% e 60% em comparação aos meses anteriores à medida. A ação pode ser considerada um sucesso.
Porém, na Avenida Aliomar Baleeiro, via que também passou pela readequação recentemente, os quebra-molas não são vistos com os mesmos bons olhos da Transalvador. Em março, moradores se manifestaram pedindo a retirada de uma lombada instalada em frente ao condomínio Dois de Julho Life. Para eles, criminosos estariam se aproveitando da redução da velocidade dos veículos para praticar assaltos. Só no início do último mês, pelo menos cinco carros foram roubados no local em diferentes momentos do dia.
O diretor administrativo do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários da Região Metropolitana de Salvador (Sindmetro), Catarino Fernandes, faz coro ao pedido dos moradores. “Na Estrada Velha do Aeroporto mesmo, tirando a parte do bairro Novo Marotinho até Nova Brasília, você não tem mais nada, nenhuma habitação, só muro”, comentou ao Metro1. “Tem locais que não precisam ter quebra-molas, eles só facilitam para o assaltante. A gente que é motorista, frequentemente, vê muitos assaltos acontecendo nesses pontos”.
Mas a Transalvador explica que não é bem assim e rebate a crítica de que haja exagero. De acordo com a superintendência, todas as lombadas regulares da cidade obedecem às normas determinadas pelos órgãos reguladores, no que tange à dimensão, distância e sinalização. Também não há determinação de uma quantidade máxima ou mínima por avenida ou bairro.
Sobre a alegação de que os redutores de velocidade trariam um aumento de casos de assalto, a Transalvador se resume a dizer que eles têm cumprido seu papel no aumento da proteção viária.
Setores da prefeitura entrevistados pelo Metro1 entendem que esta é uma questão de segurança pública, mas que ela não deve interferir no trabalho da superintendência. Além disso, para a prefeitura o real problema se deve à instalação de quebra-molas irregulares por moradores de algumas áreas da cidade e pelo tráfico. Estes seriam os únicos colocados sem o seguimento das regulamentações do Conselho Brasileiro de Trânsito (CBT).
A Transalvador, porém, não sabe precisar quantos deles existem na cidade e não tem autorização para retirá-los. A função cabe à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) que, em nota, disse ao Metro1 realizar a remoção sempre que chegam denúncias de irregularidades. A Secretaria também não soube informar se há um balanço ou acompanhamento das instalações irregulares, nem se há alguma medida de prevenção para que as lombadas sejam colocadas.
Perguntada se há algum acompanhamento deste tipo de ocorrência, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou realizar remoções quando são feitas denúncias. No entanto, disse que não tem acompanhado casos de quebra-molas irregulares colocados pelo tráfico, mas de barrigadas. Procuradas, a Polícia Civil e a Polícia Militar não souberam responder sobre o assunto.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.