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Estudantes de Salvador se mobilizam para criar primeiro 'sindicato de estagiários' do Brasil

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Estudantes de Salvador se mobilizam para criar primeiro 'sindicato de estagiários' do Brasil

Legislação pode impedir que grupo formado por 450 estudantes formalize um sindicato, diz especialista

Estudantes de Salvador se mobilizam para criar primeiro 'sindicato de estagiários' do Brasil

Foto: Freepik

Por: Luísa Carvalho no dia 17 de abril de 2023 às 15:07

Atualizado: no dia 18 de abril de 2023 às 07:46

Um grupo de 450 universitários baianos de diversos cursos se mobilizam desde o início deste mês, por meio das redes sociais, com um objetivo: criar o primeiro sindicato de estagiários do país. 

Ainda sem prazo para uma fundação oficial, os estudantes, que compartilham o mesmo descontentamento com vários aspectos do mercado de trabalho para quem está iniciando seu ingresso nele, se organizam em reuniões e grupos de trabalho para viabilizar a construção do Sindiestágio.

A ideia, que surgiu de forma despretensiosa a partir de uma conversa entre os estudantes de Direito, Raissa Nascimento e Caio Negrão, começou a tomar forma depois que a dupla resolveu criar um grupo no Whatsapp para discutir o assunto e descobrir o interesse de conhecidos por uma iniciativa com contornos sindicais. Em um final de semana, o grupo, que começou com 90 participantes, chegou a contar com quase 400 pessoas.

 “Tomou proporções imensas. As pessoas ficaram muito interessadas com a possibilidade de termos alguma forma de representar uma categoria que, hoje em dia, quase não tem nenhum tipo de representação”, contou Raissa ao Metro1. Para ela, a falta desse tipo de representatividade tem como consequência a pouca fiscalização da atividade por órgãos públicos.

Os estagiários são amparados pela lei Nº 11.788, de 2008, conhecida como Lei do Estágio. Mas para os estudantes, ela não é suficiente. “Precisamos de uma instância que fiscalize e cobre por melhoria na legislação.A gente vive uma realidade que é infeliz não só aqui em Salvador, mas no país inteiro, em que o contrato de estágio é muito frágil, tanto juridicamente, quanto no aspecto de fiscalização”, disse Caio. 

Obstáculo 

No entanto, o desejo do grupo pode não ser tão simples de ser concretizado. Pelo menos não nos termos que pretendem. “Quando a gente fala de sindicato, estamos falando de um tipo de associação de categoria econômica, no caso patronal, ou de profissional, de trabalhadores. Mas o estagiário, do ponto de vista jurídico, não se enquadra como trabalhador”, explicou a advogada trabalhista Christianne Gurgel. 

“Portanto, não seria possível um sindicato de estagiários existir, já que eles não são considerados, para a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), parte da categoria trabalhista. Ele é um educando, é uma especificidade diferente”, completou. Segundo a advogada, os estudantes podem formar outro tipo de associação para reivindicar seus direitos, mas que não apresente caráter sindical. 

A dupla que encabeça o movimento, porém, alega contar com a portaria baixada pelo Ministério do Trabalho que passou a regular as categorias sindicais especiais, compostas por grupos de pessoas que não fazem parte da designação da CLT.