Entre construção de taipa e bombardeio, fachada da CMS não é original; veja mudanças ao longo dos anos

Na primeira Praça dos Três Poderes do Brasil, de frente para a Baía de Todos-os-Santos, o prédio da Câmara Municipal de Salvador (CMS) data de 1549, nasceu no mesmo ano de fundação da cidade e foi uma das mais importantes câmaras do Império Colonial Português nas Américas. Mas o que poucos sabem é que a fachada do prédio, hoje no estilo colonial, não é a original. 

A reforma mais recente aconteceu neste ano, sem modificações no estilo, após um incêndio atingir o prédio em fevereiro. Esse, no entanto, não foi o único episódio que colocou em risco a estrutura. Um deles ocorreu em 1912, quando o edifício foi atingido por bombardeios em uma disputa política com direito a conflito armado entre a polícia baiana e o exército brasileiro.

Antes do bombardeio, ainda no início do século XX, o prédio sofreu uma série de mudanças e ganhou uma fachada em estilo eclético, muito em voga na época.

Fachada do prédio antes do bombardeio, no estilo eclético. Do lado direito, parte do Palácio Rio Branco, prédio que já foi sede do governo e também passou por inúmeras mudanças no estilo (foto: reprodução/acervo)

A fachada como conhecemos hoje é fruto de uma restauração de 1970, por determinação do então prefeito Antonio Carlos Magalhães. Nessa época, a prefeitura também funcionava no Paço. Com a restauração, a fachada externa perdeu os detalhes de outros estilos e retornou ao seu estilo colonial. 

Fachada atual, no estilo colonial (foto: reprodução/acervo)

História secular

A primeira construção da CMS ocorreu em 1549, ainda com paredes de taipa e telhado de palha, mas já nomeada de Casa de Audiência e Câmara. Dois anos depois, ganhou uma cobertura por telhas e paredes de pedra e cal, até que em 1558, o Governador Geral do Brasil, Francisco Barreto de Menezes, ordena a construção de uma nova Casa da Câmara. Depois disso, ano após ano, conforme as necessidades surgiam, eram acrescentadas novas dependências ao prédio. 

Em 1885, por exemplo, o arquiteto baiano Francisco de Azevedo Monteiro Caminhoá é responsável por um projeto de reforma do paço, com nova fachada de decoração renascentista e gradis de ferro entre as arcadas. A antiga torre também é substituída por torreão e o sino por relógio.

Fachada da Câmara antes do bombardeio, com o relógio na parte central (foto: reprodução/acervo)

A Câmara Municipal de Salvador já funcionou como sede dos poderes Executivo e Judiciário até o século XIX. Reunia a administração municipal, o poder judiciário e até a cadeia da cidade.