
Cidade
Berço do petróleo no Brasil, Boa Vista do Lobato caminha para se tornar bairro oficial de Salvador
Projeto aprovado na Câmara reconhece a importância histórica da localidade, onde foi descoberto o primeiro poço de petróleo do país, e aguarda sanção do prefeito Bruno Reis

Foto: Divulgação/Conder
A Boa Vista do Lobato, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, está prestes a se tornar o 172º bairro oficial da capital baiana. O Projeto de Lei n.º 232/2025, de autoria da vereadora Isabela Sousa (Cidadania), foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal e segue agora para sanção do prefeito Bruno Reis (União Brasil).
Mais do que uma atualização administrativa, o reconhecimento oficial celebra um território que ajudou a moldar a história econômica e urbana da Bahia. Foi ali, em 1939, que o primeiro poço de petróleo do Brasil foi perfurado — um marco que colocou Salvador no mapa da industrialização nacional e mudou o curso da economia brasileira.
Do Lobato à Boa Vista
Historicamente, o Lobato compreende os núcleos de Alto do Cabrito, Boa Vista do Lobato e o próprio núcleo central, e suas origens remontam ao início da colonização portuguesa. A região, que fazia parte das terras de Vasco Rodrigues, foi explorada ao longo dos séculos com diferentes atividades econômicas: da extração de madeira à cultura da cana e do tabaco, passando pela criação de gado e, mais tarde, pela exploração do petróleo.
Foto: Arquivo Petrobrás
“O primeiro bairro do início da Avenida Suburbana, inclusive, ganhou o nome por conta da campanha que Monteiro Lobato fazia em relação à descoberta de petróleo: que o Brasil tinha sim petróleo, porque naquela época se dizia que não. O escritor Monteiro Lobato foi um dos que encampou essa campanha, e por fim, com a descoberta na região se deu o nome de Lobato”, explica o historiador Jaime Nascimento.
História que vira bairro
Para Nascimento, a mudança é uma consequência natural do crescimento urbano e da consolidação da identidade local. Ele destaca que a decisão da Câmara não é apenas simbólica, mas atende a necessidades práticas dos moradores, como o acesso a serviços públicos e o reconhecimento postal.
“Essas áreas ganham uma dinâmica própria, e isso faz com que seja necessário reconhecê-las como bairros independentes. Parece algo pequeno, mas ter um CEP próprio é fundamental. Quem nunca passou por isso não imagina como é difícil viver em um lugar sem endereço definido”, completou.
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