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Casos de atropelamento de corredores levantam preocupação entre atletas em Salvador

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Casos de atropelamento de corredores levantam preocupação entre atletas em Salvador

Entre agosto e outubro, ao menos três corredores foram atropelados enquanto se exercitavam nas ruas de Salvador

Casos de atropelamento de corredores levantam preocupação entre atletas em Salvador

Foto: Reprodução

Por: Ismael Encarnação no dia 23 de outubro de 2025 às 15:51

Atualizado: no dia 23 de outubro de 2025 às 19:16

Os casos de atropelamento envolvendo corredores nas ruas de Salvador têm preocupado a comunidade esportiva. Em pouco mais de um mês, três episódios recentes chamaram atenção.

O atleta profissional Emerson Pinheiro, de 29 anos, perdeu uma perna após ser atingido na Orla da Pituba, em agosto. A policial rodoviária federal Marta Maria dos Santos, de 60, morreu no início de outubro, após ser atropelada na mesma região. Já Edmilson Ferreira da Silva foi atropelado no último sábado (18), no Centro Administrativo da Bahia, e segue internado no Hospital Geral do Estado. Os casos têm em comum a presença de motoristas em alta velocidade e, em alguns, sob efeito de álcool.

Crescimento da corrida de rua

Para Alan Nunes, organizador do grupo SSAquecorre, que reúne atletas e promove corridas de rua em Salvador, o aumento do público exige atenção. “O crescimento dos corredores é cada vez maior, e é preciso que a cidade olhe para esse público. Se Salvador realiza uma maratona com quase 12 mil pessoas, precisa também garantir condições seguras para quem treina diariamente”, afirmou.

“Casos como os do Emerson e da Marta nos lembram que qualquer treino pode se tornar perigoso. É uma situação triste, que mobiliza atletas e familiares a pensar em estratégias de prevenção”, completou Nunes. Segundo ele, os grupos de corredores mantêm diálogo com órgãos de fiscalização, buscando medidas que aumentem a segurança de todos nas ruas.

Sem recortes
A Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) não dados específicos sobre esse tipo de acidente com corredores ou pessoas que praticavam atividades físicas no momento. Mas, segundo o órgão, entre janeiro e setembro deste ano, 43 pessoas morreram e 332 ficaram feridas em atropelamentos na capital baiana. Em 2024, foram 57 mortes e 480 feridos. Os números mostram que, apesar das campanhas educativas, a imprudência ainda é uma constante no trânsito soteropolitano.

A Avenida Afrânio Peixoto, mais conhecida como Suburbana, é a mais perigosa, com 21 atropelamentos só neste ano. Ela vem seguida das Avenida Octávio Mangabeira e Avenida Antônio Carlos Magalhães, 16 e 15 respectivamente.

Foto: Metropress      
     
Infrações da Lei Seca em alta

Os números reforçam a preocupação com a imprudência no trânsito. Entre abril e julho deste ano, as infrações relacionadas à Lei Seca em Salvador saltaram de 324 para 455, um aumento de aproximadamente 40%. Este crescimento evidencia a recorrência do álcool associado à direção, um dos fatores presentes em alguns dos atropelamentos que atingiram corredores recentemente.

O vice-diretor da Associação Atlética da Bahia, Felipe Santiago, destaca: “Fatos como estes reacendem, mais uma vez, o debate sobre a urgente necessidade de aprimorar a segurança viária na cidade de Salvador”. Ele observa ainda que “muitos motoristas não respeitam as normas que priorizam os veículos mais leves e os pedestres; a associação entre consumo de álcool e direção continua sendo uma prática recorrente, colocando em risco vidas inocentes”.

Caminhos para a prevenção

Para Nunes, a prevenção passa por campanhas de conscientização, fiscalização nos horários de treino e atenção constante de todos. “A atenção precisa ser contínua. Todos que usam as ruas – motoristas, pedestres e atletas – têm papel na segurança e na redução de acidentes”, disse, acrescentando ainda que, além das ações individuais, é fundamental que o poder público mantenha políticas eficazes de educação no trânsito, promova campanhas de conscientização e intensifique a fiscalização em locais e horários com maior circulação de corredores, a fim de reduzir riscos e proteger vidas.