Desemprego: crise escancara desigualdade entre negros e brancos em Salvador

A Superintendência de Estudos Econômicos da Bahia (SEI), durante coletiva à imprensa na sede do órgão, nesta quinta-feira (17), em Salvador, divulgou que a crise econômica nacional provocou o aumento do desemprego na Região Metropolitana de Salvador (RMS), com a perda de 20 mil postos de trabalho entre 2014 e 2015. 

O atual cenário da crise, embora tenha atingido todas as camadas sociais, escancarou a desigualdade entre negros e brancos quanto à inserção no mercado de trabalho. No ano passado, foi registrada uma população negra de 323 mil desempregados, enquanto os não negros somavam apenas 22 mil. 

Os dados divulgados nesta quinta fazem parte da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Salvador (PED_RMS). De acordo com o analista da SEI, Luiz Chateaubriand, a desigualdade racial no mercado de trabalho pode ser constatada no fato de negros representarem a grande maioria dos desempregados, mesmo representando 92% da População Economicamente Ativa. "Uma clara manifestação de uma sociedade racista", afirma.

Essas informações comparam a presença de negros e brancos no mercado de trabalho entre 2014 e 2015 e os daods revelam que a taxa de desempregados na população negra subiu 5,5% no período, passando de 306 para 323 mil. Já entre os brancos, cresceu 16,4%, de 19 para 22 mil. 

Ana Margareth Simões, supervisora da PED, atenta que o aumento significativo do percentual entre negros e brancos deixou claro que a crise foi ampliada para toda a população, mas está longe de afastar a diferença histórica de oportunidades de emprego. "Essa taxa de desemprego [entre brancos] se ampliou assim, porque antes quase não tínhamos população não negra desempregada", atesta.

Em relação ao gênero, os dados da pesquisa apontam que a taxa de desemprego dos homens negros teve aumento de 15,2% para 17,3%. Para as mulheres, o acréscimo foi menos relevante, passando de 20,5% para 20,7%.

Chateaubriand afirma que os altos índices de desemprego entre a população negra exigem dos governos maior política de reparação. "Por exemplo, é preciso que se pense na ampliação da política de cotas, especialmente no acesso a cargos de gestão", ressalta. 

Os dados divulgados pela SEI englobam o município de Camaçari, Candeias, Dias D'Ávila, Lauro de Freitas, Itaparica, Salvador, Madre de Deus, São Francisco do Conde, Vera Cruz e Simões Filho. Não foram incluídos no levantamento os municípios Mata de São João, Pojuca e São Sebastião do Passé.