Abandonada e quase seca, Lagoa dos Patos preocupa moradores da Pituba

Antes lembrada por ter sido morada de peixes, tartarugas e jacarés, hoje, o cenário da Lagoa dos Patos, na Pituba, é bem diferente. Abandonada, a lagoa acabou virando uma reserva de água esverdeada, com forte odor, abrigo de uma pequena população de pouco mais de 30 patos e criadouro de mosquitos.

Morador do bairro da Pituba há mais de 20 anos, o auxiliar de produção Luís Oliveira lamentou a diminuição da lagoa, situada entre as ruas Piauí e Maranhão, e a redução no volume da água - que acabou impossibilitando a realização de um dos seus hobbies, a pesca. "No meu tempo era mato, esses prédios não existiam. Eu pescava aqui. Agora os bichos estão todos morrendo", disse.

Questionada sobre a situação de descaso da Lagoa dos Patos, a Secretaria da Cidade Sustentável limitou-se a dizer que a redução no volume de água é culpa do verão e que não há nenhuma previsão de intervenção no local por parte da prefeitura. "O fato de a lagoa estar secando é devido ao clima. Chega nesse período de verão, como a lagoa depende da água da chuva, o volume de água dela diminui consideravelmente. O motivo principal que a gente apurou é esse", declarou a assessoria de comunicação ao Metro1. Apesar disso, é unânime entre os moradores da região que o nível da água da lagoa diminui a cada ano, há pelo menos uma década.

Um outro morador da região, que preferiu não se identificar, afirmou que a nascente que alimentava as águas da Lagoa dos Patos foi interrompida. Interrogada sobre a veracidade do fato, a Secretaria da Cidade Sustentável não soube responder e deu a entender que o morador da Pituba, que reside no local há mais de 10 anos, não sabia do que falava. "Com relação a nascente, se está interrompida, a gente precisa apurar. Porque as pessoas que falam isso não tem uma fundamentação técnica. Falam porque acham", disse.

Mosquitos

Para Silara Assunção, de 44 anos, dona da banca de revistas Lagoa Piauí, o abandono da lagoa também provoca o aumento de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue e a chikungunya. "Tem que usar repelente aqui. Eu nem venho mais de bermuda. Tem peixe e pato morrendo", contou. Ela trabalha no local há 24 anos.

À Metrópole, a ouvinte que se identificou como Lila Ribeiro também acredita que a falta de cuidados com a Lagoa dos Patos favorece o aumento de insetos. "Nunca vi tanta muriçoca. As ruas estão lotadas. Creio que tem relação com a lagoa que está superseca, peixes mortos, virou criadouro de Aedes, muriçoca e tudo de ruim. Estamos sofrendo muito", relatou a ouvinte.